quarta-feira, 1 de maio de 2013

Tão leve. Tão breve.

A vida não é uma festa, planejada por um mestre de cerimônias. Ela não obedece a nenhuma regra. Não tem lugar marcado. Hora para começar. Hora para comer. Para dançar. Para beijar. Hora para terminar.  Não tem hora para isso e para aquilo. Não tem fila para entrar. Convite especial. Não. Ela chega, sem ser convidada, e parte, sem ser planejada. Não tem traje especial, decoração, e tal. Não cumpre horário, agenda. Etiqueta, não tem. Nenhuma. Mal educada, a vida. É baile de carnaval. Bloco de rua, xixi na calçada. Mão na bunda.

A vida é desordem, bagunça, confusão. Emoção, e não previsão. Com a vida, não se pode ter razão. Vida é caos, o deus mais antigo. Caos é vida. É força, primitiva. O ar, entre a terra e o céu. 
Assim como vem, ela vai. Sem avisar. Efêmera. Suave, como uma aragem. Incerta, como mulher.

É vento, sem direção. Não segue protocolos, nem tenta. Não gosta. Ela quebra todos, esfacela, sem perdão. Detesta. A vida é surpresa.Vazamento. Infiltração. É coisa que chega sem bater na porta. Arrombando. Que escorre pela parede, transborda, inunda. É coisa que corre, pelas frestas, pelos cantos, pelas veias. Abusada. 
Ela traz tristeza, decepção e raiva. Frustração. Traz alegria, magia e paixão. Traz amor, harmonia e separação.  Traz coisas. Tantas coisas, a vida traz.
Nada disso pede licença. São  coisas repentinas. Serpentinas. Confetes. Vão entrando, por bem, ou por mal. Sem serem convidadas. Não têm educação, estas coisas.  
As coisas da vida são sempre penetras. Como a vida. Não esperam. Acontecem. Fazem a festa. Vão ficando. Tomam todas. Ou desaparecem.
Coisas que a vida traz. E leva. Sempre, um leva e traz. Vida não tem coerência. Por um triz não tem consistência.
Porque a vida não é lugar decorado, bonitinho, planejado. Compartimentado e bem arrumado.
Não é rocha, concisa e sólida.
É flor que brota na pedra. Água que corre com o rio.
É brisa que voa. E que foge. Um vazio.
Espaço de tempo, e sopro. Fugaz.



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