O outono avança no último dia de abril,
num daqueles dias frios sem vento.
O sol se derrama sobre a cidade,
Envolvendo tudo num cálido abraço.
Não há nuvens no céu azul de brigadeiro
Mas há um circo à beira do rio.
Sob a lona da vida,
O picadeiro.
Um palhaço chora
A bailarina sem jeito dança.
O mágico erra o truque,
Um lenço não vira coelho.
A criança sorri pipocas
Enquanto um velho desdentado,
Algodão doce.
No trapézio os amantes se enlaçam
As mãos dadas
Corpos retesados, semi-nus
Suspensos.
Não há rede embaixo
(Não há rede no amor)
O tambor bate forte
A música para, de súbito.
Do salto, de susto:
Deu certo:
Estão voando,
Respeitável público...
Voaram.
Dani Altmayer
( pedalando por aí)
Porque a visão do circo nesse ano de 2017 ativou memórias de chãos de serragem, de cheiros, de barulhos.
Em homenagem à resistência e à coragem. De cada artista itinerante.
De todos esses que um dia habitaram minha imaginação e fizeram minha alegria. ( Apesar do medo que eu tinha -e tenho- dos palhaços)
Em homenagem à resistência e à coragem. De cada artista itinerante.
De todos esses que um dia habitaram minha imaginação e fizeram minha alegria. ( Apesar do medo que eu tinha -e tenho- dos palhaços)