domingo, 28 de setembro de 2014

Que vença o melhor





"Eu tenho medo deste amor tão certo, pois com ele está perto, meu princípio e meu fim. "
Este é o trecho de um poema que eu gostava quando era adolescente. Não sei de quem é, mas é mais ou menos assim que lembro, sem muita exatidão.
Memória nunca é algo confiável, mesmo. Memória é construção.
"Eu tenho medo deste amor tão certo."
Isso sempre me intrigou. O medo do amor.
E eu tenho medo deste medo. Deste medo que tenho.
E que você também tem, eu sei.
É  ele que, por vezes, impede o amor de acontecer.
Ele é tudo o que o amor não é. Se o amor é um bote salva vida, o medo o põe à deriva.
Se o amor é bússola, o medo é a tempestade que rasga suas velas.Se o amor te encontra, o medo te sabota. Se o amor te enleva, o medo faz uma toca. Enterra. Amarrota.
Eu tenho medo. Do medo. Do amor.
Para o amor, são tantas perguntas. Para o medo, só existem duas respostas.
O medo tem, tão somente, duas estreitas saídas.
Ou lutar. Ou fugir.
Nenhuma delas serve ao amor.
Se o amor é entrega, então o medo é a guerra.
Porque amor é poder, vontade, verdade. Infinita possibilidade.
Medo é falta de esperança. Falta de fé.
Medo é emboscada, e trincheira.
Ter medo é, ao ver o barco afundando, agarrar-se ao mastro, na ilusão de não cair no mar.
Mas amar é se afogar. Aliás, amar é mar.
É morrer sem saber, e seguir respirando. Melhor.
Amar é permitir, dissolver. É perder tudo, para depois encontrar mais.
Amar é total rendição, e paradoxal liberdade.
E é escolha, não tem outro jeito. Sempre só cabe um, dos dois.
Ou o amor, ou o medo. No peito.
Se um entra, o outro sai. Isso é inevitável, visto que eles não se suportam.
Amor é desapego, e coragem. Oposto do medo.
É uma luta constante. Amor X medo. Medo X amor.
Eu, apesar do medo que tenho, e admito, torço para o amor, que também tenho, e confesso. Quero que o meu amor seja sempre maior.
Dizem por aí que o amor conquista tudo. Eu acredito, mas tenho algumas ressalvas.
Ainda que vença o amor, não há certezas. É sempre, só o início. Começo de uma aventura. De riscos imensos, incalculáveis, intermináveis.
Porque, tal como a memória, e a vida, aliás, o amor não é confiável.
Não. Não tem garantia.
Ele é tudo, menos certo. Mesmo tão perto.
Amar é contínua atenção.
Amor é também construção.
E todo amor é sempre um fim, e um princípio, sem fim.
Todo dia, mais uma batalha. Nesta guerra, diária, eterna.
Do amor contra o medo.

Dani Altmayer


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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Pensamentos floridos

Nesta noite muda a estação. Chegam os ventos, as flores e os dias mais longos.
A primavera é a minha época favorita do ano. E da grande maioria.
Adoro.
Deve ser por causa do cheiro. Ou da poesia.

Nem sempre é primavera.
Mas quando é, como é bom!

Sonho é também semente que se cultiva.
No terreno fértil das infinitas possibilidades.
Onde a fé é adubo, a esperança é chuva, e o amor, pura luz.
Tudo que não pode faltar, tudo que torna a semente viável.
Que os melhores sonhos desabrochem nesta primavera. 
E se transformem em belas, coloridas e perfumadas realidades.




Dani Altmayer

domingo, 21 de setembro de 2014

Nas Asas da Borboleta

O céu está azul, e o sol brilha com sua força quase primaveril, enchendo a sala de luz e calor. Mas não foi o dia todo assim, neste último domingo de inverno. Há poucas horas estava nublado, ventoso, e fazia frio. Pouco depois, choveu. O tempo está indeciso. Mesmo agora, ainda existem nuvens escuras, indicando que a qualquer momento tudo pode mudar.
E tudo muda, mesmo. O tempo todo. Todo mundo. No mundo, lá fora. No mundo aqui dentro.
É natural.
"Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor."
Metamorfose ambulante, sim. Por que não?
Uma verdade é derrubada a cada instante, uma história é modificada a cada segundo, porque a vida é isso: fluxo, correnteza e troca de estação.
Uma nova informação, o batucar de uma caneta, a mudança de um móvel do lugar.
A escolha deste, e não daquele. Vestido, caminho, amor.
Um desencontro, um mal entendido, um resgate.
A semente que se plantou, a que se regou, a que se perdeu.
Uma flor que nasceu nas pedras, só porque o vento carregou o grão.
Uma flor que vingou, contra todas as evidências.
Para um sonho que fracassou, outro se realizou. Outro ainda, de repente, se acabou .
Tudo passa. Muda de sentido. Tudo se transforma.
Coisas acontecem o tempo todo, coisas que fogem ao nosso controle.
E o controle é nossa grande, imensa, perdida ilusão.
O apego, nosso doce e ledo engano. Um fantasma camarada, delírio, alucinação.
Se cada evento modifica o outro. Se para toda ação há uma reação. Se ela nem sempre é previsível.
Nada pode ser insignificante, ou definitivo.
É o efeito borboleta, a teoria do caos, um bater suave de asas, um furacão. Ordem e desordem.
Hoje sim, amanhã talvez, um belo dia não. E vice versa.
Para sempre é um lugar que não existe.
O que existe é alternativa e adaptação. Atenção e renovação, constantes. Dos votos, das certezas, da direção.
É preciso saber que no "balanço das horas tudo pode mudar." E, mesmo que tenha sol agora, e tem, e mesmo que você saiba a previsão, e acredite, não custa levar um guarda chuva na bolsa. Por precaução.
Não dá para confiar nas borboletas.
E olha, quanto sofrimento poderia ser evitado.
Se não construíssemos tantas prisões com os tijolos de nossa rigidez.
Tantos muros feitos de nossa inquestionável razão.
Quanto sofrimento seria evitado.
Se não houvesse nunca, em hipótese alguma.
Nenhuma opinião formada sobre nada.
E, se, acima de tudo, a gente não se importasse de voar no vento. Quando ventasse.
Ou de dançar na chuva, de vez em quando.
Quando chovesse.




Dani Altmayer




sábado, 20 de setembro de 2014

Ele



O plantão estava calmo, até então. Distraído com a leitura do caderno de cultura, estremeceu quando o telefone tocou.
- Doutor Carlos, chegou uma internação. Veio de ambulância!- avisa a recepcionista, gritando.
O médico idoso dobra com calma o jornal, e enquanto se dirige devagar à emergência, pensa na esposa, que também grita quando fala com ele. Este é um dos motivos pelos quais ele vem adiando a aposentadoria, indefinidamente. Continua a fazer parte do conselho do hospital psiquiátrico, no qual foi diretor por anos, e ainda faz plantão na internação, duas vezes por semana.
De natureza discreta e gestos contidos, nada parece abalar o humor fleumático do elegante doutor.
Ao chegar na sala de emergência, ele vê uma mulher estendida na maca. Um residente estava com ela.
- Tentativa de suicídio, doutor Carlos. A camareira do hotel a encontrou, os punhos cortados. Cortes superficiais, já fiz um curativo.
A mulher tem cerca de sessenta anos, e parece calma. Está de olhos fechados, a mão sobre o rosto. Chora baixinho.
- Você sabe o nome dela?
-  Ana.
- Bom dia, Ana- toca suavemente o braço da mulher.
Ela abre os olhos escuros, e ao vê-lo, dá um grito de pavor:
- Você!
O médico fica pálido, e trêmulo, encosta na parede para não cair. "Não pode ser".
- Você! Major Bauer!
- Doutor, o senhor está bem?
A mulher, agora aos berros, fala palavras desconexas, tentando levantar da maca. Chama pela filha, e grita por socorro, em franca crise de histeria. O residente amarra suas mãos, e percebe, por baixo do corte no punho, algo parecido com uma tatuagem. Aplica-lhe uma injeção na veia, para que se acalme. Ela apaga, aos poucos, murmurando… "monstro".
O jovem volta-se então para o médico mais velho, que parecia prestes a desmaiar.
- Sente-se, doutor Carlos. Enfermeira, por favor, traga um copo de água.
Após medir a pressão, e verificar que estava tudo bem, o residente pergunta:
- Major Bauer? Não entendi nada. Esta mulher o conhece, doutor?
O médico idoso levanta a cabeça. Os olhos claros parecem de vidro, e ele o olha como se não o enxergasse. Está numa espécie de transe. Transportou-se para outro tempo, perdido numa lembrança recém desvendada.
Muitos anos atrás houve uma guerra. E um campo de prisioneiros. Ela era uma menina bonita, pouco mais do que uma criança.
Uma menina que ele quis. Uma criança linda. Ana.
- Não tive culpa, não tive, não tive culpa - balbucia.
O residente o sacode pelos ombros:
- Não teve culpa de quê, doutor? Do que o senhor está falando?
Doutor Carlos parece acordar, num estalo. Pigarreia, e, novamente no comando da situação, olha para o residente, decidido:
- O que esta mulher acabou de ter foi um surto histérico. Associado à tentativa de suicídio, melhor manter a paciente sedada, até segunda ordem. Peça à enfermeira para entrar em contato com o hotel, e descubra o nome da filha. Veja também a idade, é importante. Anote na ficha, terapia de escolha: eletrochoque e sedação.
Dito isso, levanta-se sem dificuldade, e segue pelo corredor do hospital, a passos largos.
Olha para as paredes descascadas, aspira o cheiro de desinfetante e álcool. Naquele lugar passou mais da metade de sua vida.
Suspira, resignado.
Talvez sua mulher tivesse razão, afinal. Estava na hora de se aposentar.

Dani Altmayer

Texto exercício da oficina de escrita criativa. Editado.
Tema: "Um homem, que esteve na guerra, tem um trabalho qualquer, um dia algo acontece, e o passado vem à tona." Deveria haver uma epifania. Tenho dificuldade com epifanias. ;)
E tive muita dificuldade com este texto.
Mas valeu o desafio.
Nada de parar no meio do caminho, isso não. Por pior que seja.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

No Infinito

   
                                                                               

                              Vidas paralelas.                            Não se encontram.
                                           
                                                   

 Dani Altmayer

domingo, 14 de setembro de 2014

Medo do Espelho

"Vamos pedir piedade
Senhor piedade
Para esta gente careta e covarde"

Mulher ao Espelho - Pablo Picasso

Todos somos narcisos fixados em nosso reflexo no lago.
E os outros são caleidoscópios formados por cacos de um único e imenso espelho.
O espelho para o qual perguntamos, sem cessar.
Existe alguém mais belo do que eu?

A parte não reflete o todo, como deveria. Ao menos, não tão de perto assim.
O que eu vejo, quando te olho, a não ser um pedaço de mim?
O que vê quando me olha, senão uma projeção de si?

Passeamos pelo mundo buscando nossos reflexos nas vitrines de almas alheias.
Por vezes os encontramos, inteiros. Belos, na luz perfeita da verdade, do amor.
E isso é muita sorte.

Outras vezes nos vemos distorcidos. Irreais.
Perdidos, como na sala de espelhos de um parque de diversões. No labirinto dos medos.
E isso não é azar.
É apenas o espelho que agora escolhi.

Alguns espelhos emagrecem. Outros, engordam.
Uns mostram cada pequena imperfeição. Outros disfarçam, cada uma delas.
E alguns, ainda, desvendam aquilo que mais tememos enxergar.
Mostram o outro lado.
E, do outro lado, tem o outro.
Tão igual, tão diferente. De mim.

Tenho medo do que me reflete e me é tão estranho.

Levo um susto:
Por que eu?
Por que não eu?
É, já dizia Caetano. Narciso acha feio o que não é espelho.

Cacos podem espelhar, brilhar.
Ou cortar. Cegar.
Machucamos o outro, porque não nos sabemos ele.

Não nos sabemos cacos, que são os outros, e também somos nós.
Pedaços de um todo, mas as peças mais diversas.
De um mesmo, gigante e complicado quebra cabeça.
Deste enorme imperfeito espelho.
Que quase ninguém parece entender. Ou ver.


Dani Altmayer
( Reflexões sobre preconceito)





quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Sempre Tarde Demais

"Ah, o amor
Que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê."
Luis de Camões




Tem gente que não precisa de óculos, mas não consegue enxergar um palmo à frente do nariz.
O Carlos Eduardo:
- Amar é um pouco como dirigir na neblina. Tem que ir devagar- filosofa.
Está bêbado.
-Sim, meu bem, mas não TÃO devagar, né?
Estamos os dois deitados no sofá, um para cada lado, nossos pés se tocando. Eu de meia, ele sem. Acabamos de abrir a segunda garrafa de vinho.
Cadu é meu melhor amigo. Nem por isso deixa de ser um idiota. Desde que chegou, não para de falar na Helena. Tem coisa mais chata que dor de cotovelo alheia?
- O que você acha que deu errado, Nina?
Ah, tudo, Carlos Eduardo, tudo deu errado. Eu poderia dizer, mas não digo. Sirvo mais um pouco de vinho.
- Bebe.
Ele começa a chorar. Alcanço a caixa de lenços. Ele é muito sensível, o Cadu.
A Helena deu um pé na bunda dele. Estavam juntos há uns 3 anos, e olha, até que durou.
-Tinha tudo para dar certo.
Tudo, menos o Carlos Eduardo.
Ele não trabalha,para começar. Estuda, está na terceira faculdade, tem uma bolsa de pesquisa. Mas com 35 anos, ainda mora com a mãe.
A Helena é uma mulher independente, separada, tem uma filha pequena .
Mas isso não seria nada. O pior é a mania que ele tinha, ou tem, de sumir, de vez em quando. Vai para a caverna, como diz. Não atende o telefone, não responde mensagem. Passa uma ou duas semanas sem sinal, e depois volta. Na maior cara de pau. Cansei de avisar. A Helena sofria.
Um dia, a Helena se encheu. Arrumou as coisas dele, colocou em três sacolas de supermercado, e deixou com o porteiro. Mudou a fechadura, sem avisar.
- Nina, com o porteiro, acredita? O Luis, um baita fofoqueiro.
- Hum…
- E assim, do nada, do nada?
Carlos Eduardo não para de falar, e eu já nem estou escutando. Preciso de mais vinho.
Olho para a taça, contra a luz do abajur, e deixo meus pensamentos divagarem, enquanto o Cadu choraminga.
Nunca é do nada. Mas tem gente que não percebe os sinais.
Uma flor que não é oferecida, uma lâmpada que não é trocada, uma gentileza perdida. Oportunidades que se vão, para sempre.
Uma falta de respeito, depois outra, e lá escorre a admiração pelo ralo, junto com a louça que não foi lavada.
Uma conversa adiada, e se acumulam os silêncios.
Os "eu te amo" esquecidos, negados, adiados.
Não retribuídos ou nunca ditos.
Vai tudo para um lixão. O limbo.
- Nina, eu mandei flores. Eu implorei. Eu até pedi em casamento.
- Mas foi DEPOIS. Depois é sempre tarde demais, Carlos Eduardo. Cadu.
-  Mas e ela, que me dizia a toda hora, "eu te amo, eu te amo"? A Helena mentia, Nina?
-  Ela cansou, foi isso. Amar sozinha cansa.
-  Que merda, Nina, não é justo! Eu amo a Helena, é a mulher da minha vida.
Ah, chega. Faço um discurso:
 - Cadu, amar não é como dirigir na neblina, nem exige cautela. Nada a ver. Ao contrário. Amar de verdade é se jogar de cabeça no abismo. Alguém disse, "tudo o que o amor requer da gente é coragem." E é mesmo. Tem que bancar, pagar para ver. Mais do que tudo, tem que saber MOSTRAR, entende?
- Entende… não?
Ele resmunga. Fica bonitinho, de olho vermelho.
Faço um carinho com meu pé, no dele.
Eu também estou bêbada, agora.
- Esquece.

Dani Altmayer

Exercício Oficina de Escrita-  Tema. " A descoberta do amor."

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Eu Te Amo

" ... dava muito valor á sua afeição e, sentindo que ele me achava a melhor moça do mundo, desejava que ele permanecesse nesse engano. E, sem querer, eu o enganava. Mas, ao enganá-lo, eu mesma me tornava melhor."
   (Tolstói in A Felicidade Conjugal)



Nada mais que clichê do que o amor.
E nada melhor do que amar.
Portanto, não dá para escapar. 
Tudo já foi dito antes, mesmo, e esta é uma realidade que somos obrigados a admitir. 
Não dá para ser original, no amor.
Então eu suspiro bem forte, como me ensinam na yoga. Sento na sala ensolarada e coloco um blues para tocar, em busca de inspiração.
Deixo o pensamento me levar.
O texto que preciso escrever é sobre a descoberta do amor. Pode ser a qualquer tempo. O primeiro, o último, o verdadeiro, ou apenas mais um.
Tenho que inventar uma história, enredo, personagem.
Mas tem uma pergunta que preciso responder, para conseguir escrever.
Como a gente descobre que está amando? 
Pela primeira ou décima vez, tanto faz.
É aí que entra o clichê. 
Que tudo bem, até pode ser clichê, mas é único e intransferível.  Clichê personalizado.
Para cada um bate de um jeito. O amor.
Para uns é o pulsar do coração que muda de ritmo.
A falta de apetite.
Um olhar perdido, um pensamento fugitivo.
Obsessivo. O primeiro, e o último do dia.
É o tempo, que voa sem querer.
Para outros é outra coisa. Como saber?
Para mim ...
Eu acho que a gente sabe que está amando quando se olha no espelho do olho do outro e gosta do reflexo que vê.
Quando o outro te faz querer ser uma pessoa melhor, mas acima de tudo, quando ele te reconhece e acolhe, imperfeito como é.
A gente sabe que está amando quando chega em casa, e tira a maquiagem e o salto, e põe a pantufa e a calça de moletom, e ainda assim se acha gostosa e linda, e o outro também. Morre de tesão.
Tesão sem fantasia.
A isso se chama paz.
E paz no amor é sentir-se em casa, é vestir-se de sorrisos, soltos e secretos. Perfumados.
A gente sabe que está amando quando consegue rir de si mesmo, rir da briga, rir à toa, e chora de emoção a toda hora.
Quando ri de tudo, e chora por nada, a gente sabe que está amando.
Quando fica à flor da pele, a pele exposta e nua, e não sente frio.
Quando é verão em pleno inverno, um verão interno.
Quando chove fora, e tem luz dentro. Porque tem sol nele, e ele é teu sol.
E o sol não te pode faltar. Esta falta nem se pode imaginar.
A gente sabe que está amando quando o simples fato de estar amando não consegue ser definido.
Quando falta palavra para o tamanho da coisa.
A gente sabe que está amando quando não consegue lembrar de um antes.
A gente sabe que está amando quando a gente percebe que tudo o que viveu até então foi um treino para poder saber que está amando.
Finalmente. 
Danem-se os clichês, se tudo já foi dito. 
Quando se está amando, nada mais reconfortante do que o óbvio.
A gente simplesmente sabe.
...
Que uma história de amor ainda precisa ser escrita.
E ela requer um "eu te amo", ainda inédito.


Dani Altmayer

"Ele abriu para mim toda uma vida de alegrias no presente, sem modificar nada nem acrescentar  o que quer que fosse além dele mesmo. As coisas já existiam silenciosamente ao meu redor desde que eu era criança, mas bastava que ele chegasse e tudo ganhava voz, e uma após a outra se convidavam para entrar em minha alma, enchendo-a de felicidade. (...) Eu ainda não sabia que isso era amor, pensava que era uma coisa que podia acontecer sempre, que esse sentimento ocorria sem motivo. "
 ( Tolstói in A Felicidade Conjugal)