domingo, 22 de janeiro de 2012

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Penso logo existo?

Tem vezes em que fico cansada até dos meus pensamentos.Gostaria de ter o poder de parar de pensar por alguns instantes, todos os dias, várias vezes ao dia. E não estou falando aqui de pensamentos importantes, preocupações, planejamentos. Falo daqueles pensamentos que vão passando pela minha cabeça ao longo do dia, principalmente quando estou sozinha, no ônibus ou lotação. Divagações sem sentido, e sem motivo. Ando tão cansada de julgar, de falar, de ficar triste, de ficar braba,de ter tanta merda para pensar...penso nas contas, penso no trabalho, penso em como está quente. Penso no supermercado, no remédio do cachorro, no plantão. Penso em comer direito, em ir à academia, em como me livrar de dois quilos, em como não pensar em fumar. Penso nas injustiças, nas mentiras, nas cobranças. penso em como ser melhor, e me sinto pior. Penso que preciso de algo que nem sei o que é, e não sei pensar a diferença entre querer e precisar. Preciso tanto, de tanta coisa, e nem preciso de nada, mas penso que preciso, e o pensamento me ocupa. Penso em como as pessoas estão loucas, ou como estão feias, ou como elas deveriam ser ou fazer, e ao pensar, julgo, discrimino, aponto. E o meu pensamento se torna tóxico, cansativo, preconceito. E aí penso que deveria parar de pensar. Ou ter só bons pensamentos.(E tenho alguns, até). Mas não consigo, volto a pensar que deveria, que poderia, em como seria. E me aponto, me julgo e me canso, me canso de mim e dos meus pensamentos, que nem são filosóficos, são só pensamentos, pequenos, ordinários, diários. E penso, ai que bom seria não pensar por alguns minutos, seria como uma limpeza, um spa de pensamentos, um detox, um lifting..Pausa para o silêncio, da língua e da mente, que luxo!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Frases do JP

 JP declarou dia destes: mãe, o meu sobrenome é a segunda guerra mundial!
 Pai judeu, mãe alemã.

A dona ansiedade

E ela vem de todos os jeitos. Algumas vezes bem discretamente, chega sem se anunciar, trazendo um certo desconforto, uma vontade de chorar ou gritar, uma leve sensação de que algo (ou tudo) está errado. Uma angústia, uma vontade de sair correndo, de fazer , beber , comer , fumar ,sei lá, enterrar a cabeça no travesseiro? Qualquer coisa que alivie um pouco .Quando ela chega assim, mansa, insidiosa, sutil, traz consigo uma inquietação, uma fome não sei de quê, uma sensação vaga de que alguma coisa não está no lugar. Se tiver um nome, desassossego é o seu nome.
Mas outras vezes ela vem avassaladora, com tudo, roubando o ar dos pulmões, esmagando o peito, causando  dor mesmo.Entra com os dois pés, derrubando a porta, a parede, tirando o chão . Deixa a gente com o coração aos pulos, de susto .  Ou se parece com um destes dias de verão antes da tempestade, abafados, pesados, sufocantes, quando até respirar fica difícil. Já não se chama desassossego, tem um outro nome, mais forte, mais perverso, mais furioso.
Ela vem de muitas formas,  e de certa forma, todos os dias, roubando o silêncio e a paz, trazendo pensamentos incômodos, provocando atitudes, boas e ruins, mudando os humores, os amores, os desamores...
Ela vem para todos, cada um tem a sua, de uma forma ou outra, permanente ou temporária, intensa ou leve, com causa aparente ou sem motivo nenhum. Ela incomoda, desacomoda, chateia, interfere (muito ou não).  Certo mesmo é que ninguém está livre desta senhora, esta intrusa, esta metida. Alguns até passam batido, respiram fundo e seguem em frente. Outros paralisam. A maioria aprende, vai levando, fazendo compensações,  uma dose aqui, um doce ali, uma mania acolá... ioga, corrida,enfim, paliativos, nem sempre eficazes, mas muitas vezes necessários para driblar a dona chata, que insiste em aparecer nas horas mais impróprias.
Hoje, e nos últimos dias, ela me visitou várias vezes, por isso este post, tentando dar  um nome a ela, uma cara, sei lá, qualquer coisa que possa ser encarada e enfrentada de frente, em vez  desta coisa disforme e indefinida, doída ,  que se aloja no peito. Sem convite, sem aviso, até mesmo sem razão.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

No mundo da lua

Ela sempre foi um pouco distraída, sempre, desde pequena....cabeça na lua a mãe dizia. Sonhadora, um pouco poeta, gostava de ficar horas contemplando o nada, se perdia em pensamentos, era preciso estar sempre chamando de volta para a terra.
Cresceu, foi perdendo o ar de sonho, ou o sonho foi se perdendo. Casou, teve filhos, se tornou uma profissional de sucesso. Não mais contemplava o nada, nem tinha tempo para isso. Se tornou mais agitada, um tanto ansiosa. Mas a distração, esta sempre presente.Cada vez mais. Esquecer datas, do desodorante, da reunião da escola, de buscar a filha, coisas que acontecem! Perder o celular não uma, mas duas, três, talvez quatro vezes, esquecido em táxis, banheiros, restaurantes, quem já não passou por isso?. Perder uma bolsa inteira, mais difícil, vá lá, mas possível, era daquelas pequenas.Viajar de avião, a trabalho, e perceber, na fila do check in, que estava sem identidade, sem nenhuma identidade aliás, além de um crachá velho de uma empresa que já nem existia...coisas da vida! Entrar em pãnico, quando o marido decide, de última hora, uma viagem para a Bahia, simplesmente por não ter idéia de onde estava ( de novo) sua identidade e as certidões de nascimento das crianças.Tem também aquela vez em que foi para a academia com um tênis preto e outro cinza, de marcas diferentes, caminhou várias quadras, e só percebeu o fato quando ficou em frente  ao espelho para fazer agachamento. Fez o treino até o fim,depois de algumas risadas e um certo constrangimento,.Até aí, crédito para a distração, sempre foi assim, "no mundo da lua". Começou a se preocupar( um pouco ) quando foi almoçar com uma amiga em um restaurante a quilo, e ao sentar para comer, percebeu que havia esquecido o prato na balança! Entregou os pontos e  resolveu, finalmente, procurar ajuda profissional quando mandou uma mensagem,por engano,  para o marido, combinando encontro às duas da tarde na terça feira (" no motel de sempre, meu gato").  Gota d'água.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Coisas de mãe

Todo ano, na época de comprar o material escolar do JP, um sofrimento. Três ou quatro livrarias, pesquisa de preços, falta isto ou aquilo. Fora os pedidos absurdos, caderno grande de 50 folhas, pedem todo ano,mas não existe, ok, não fabricam! Pacote com 20 folhas, só vendem com 50 e assim vai. Este ano inovei, três de janeiro e lá estava eu, com a lista em punho, disposta a cumprir a tão temida tarefa. Resolvi comprar tudo na lojinha da escola, para não correr o risco de ter que fazer a minha maratona anual. Pelo adiantado da data, grata surpresa! Sozinha na loja, excelente atendimento personalizado e livros com desconto, uau! Saí de lá com a sensação de dever cumprido e contente por ter gasto um pouco menos que no ano anterior.
Material comprado, hora da faxina. Descartar os cadernos usados, canetinhas sem cor e lápis quebrados. Doar os livros, que , para minha tristeza, estavam em péssimo estado,  ora, não sabe ele que livro é sagrado? Mas sempre há quem possa precisar e fazer bom uso, então, mãos à obra! Aproveitei a ausência do dono do quarto para dar uma geral, arrumar e limpar as gavetas, colocar fora pedaços de plástico que sabe-se lá que serventia tiveram um dia?! Carrinhos, alguns bonecos, resquícios de um passado nem tão distante, de um tempo em que ainda se ouvia sua voz de criança a entoar brincadeiras de super heróis. Já havíamos dado quase todos os brinquedos, mas um ou outro foram esquecidos , por descuido mesmo,  de onde deduzi que esta limpeza estava atrasada um par de anos. Os que estavam em boa forma, separados para doação,o restante, lixo. Nas gavetas, fotos perdidas, que costumavam ficar no mural,  de um jogo de futebol,  de um passeio à base aérea, as fotos de turma desde o tempo da escolinha.Já um tanto de recordações, já uma história para contar. E falando em histórias, achei também os livros feitos pela vó, ilustrando histórias doces que foram contadas em incontáveis adormeceres. Estavam lá os pterodáctilos, os três pinguins, a história (real) da bem -te -vi Ana, pequenos tesouros em espiral, com lindas fotos e texto simples, feitos com um amor que estava além de qualquer palavra. Lembrança eterna, e terna, mostrando que sim, podemos vencer a morte, quando deixamos vivos dentro de nós aqueles que amamos.
Mudando de gaveta, mais cacarecos, fitinhas do Bom Fim, um desenho, dezenas de medalhas, de participação, de primeiro ou terceiro lugar, não importa, mostrando o pequeno ( nem tanto) atleta que tenho em casa. Partituras de músicas, uma paleta, insinuando o músico que quer surgir (será?).
Muito pó, muita recordação, muita vida em um quarto de menino. O ano de  2012 está apenas começando, e  se apresenta em branco para que possamos completar, pintar, rasurar, acertar, bagunçar e viver. E JP, quando chegar de sua temporada com o vô, terá gavetas  e prateleiras vazias para que possa enchê-las de novas experiências. Renovação, limpeza e algumas lágrimas, foram o resultado desta pequena aventura.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Cavalo de guerra

Ontem assisti ao filme "Cavalo de Guerra" , do Spielberg. Esperava mais. Ainda assim, uma bela história, com uma fotografia lindíssima, desde as cenas no interior  da Inglaterra, passando por uma propriedade rural na França até as batalhas travadas  nas trincheiras da primeira guerra mundial.  Música excelente também.O cavalo, protagonista , rouba a cena e o filme, e me fez pensar na relação entre seres humanos e animais. O que causa este fascínio e atração, como se estabelecem laços afetivos entre duas espécies tão, digamos, diferentes? Acredito que o animal, neste caso o cavalo, mas poderia ser um cachorro ou um gatinho, tenha uma vulnerabilidade e uma pureza que instintivamente nos atrai. É uma amizade sincera, sem cobranças, desinteressada, e por isso bela. Lealdade, compromisso e honestidade, valores tão em falta nas relações hoje em dia. Aceitação incondicional, perdoando os erros e defeitos do outro. Amor, em essência, na essência. Estar junto, brincar juntos, a alegria do reencontro, o prazer da recompensa. Amamos os animais porque são nossos amiguinhos de quatro patas. Com eles voltamos a ser um pouco crianças, com eles nos sentimos bem vindos a cada retorno. Com eles podemos chorar e sorrir, tirar a maquiagem, a fantasia, o salto alto. Deixar cair todas as máscaras, e mesmo assim nos sabermos importantes e queridos.Tão simples.Estes mestres de quatro patas nos ensinam a enxergar a vulnerabilidade que também existe em cada um de nós, fazendo com que respeitemos mais e julguemos menos as imperfeições, alheias e próprias.E nos ensinam a valorizar e cultivar a amizade. De verdade.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Divagação

Outro dia, no facebook li uma frase que me chamou atenção: " Nowadays,eveything is amazing but nobody is happy". Traduzindo livremente para "hoje em dia, tudo é surpreendente, mas ninguém é feliz". O cara se referia às mudanças ocorridas no último século, principalmente em relação à tecnologia. Temos à nossa disposição todo um arsenal de modernidades que supostamente deveria tornar nossa vida mais confortável .Mas não, o que fazemos é reclamar e reclamar, perdendo a capacidade de nos surpreendermos com o que quer que seja. Todo este novo mundo nos trouxe mais velocidade, mas certamente não mais felicidade. Se um aparelho quebra, se o avião atrasa, se a internet está lenta, o que fazemos? Resmungamos e reclamamos. Queremos estar conectados o tempo todo, ligados, acelerados, em dia, modernos, atualizados. E vamos, correndo, consumindo, fingindo, ocupando todo o tempo possível. E é tudo tão incrível e são todos tão infelizes. Porque até mesmo a capacidade de reconhecer o quão surpreendente e quão incrível é este mundo estamos perdendo, em ritmo acelerado, correndo, fingindo, consumindo.Não significa que precisamos ser contra o avanço, o progresso, pelo contrário. O que precisamos mais é saber colocar cada coisa no seu lugar, tentando não perder de vista o que realmente é importante e de valor, agradecendo e maravilhando-se sempre, seja com um celular de última geração, seja com um pôr do sol na praia ou o sorriso de uma pessoa amada. Conexão, que paradoxo, é o que está nos faltando.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Beto, o peixinho

O menino queria muito um animalzinho de estimação. Tinha cinco anos de idade e uma persistência feroz.
Após uma longa e difícil negociação, a mãe bateu o martelo: "vai ser um peixinho'! O menino, a contragosto, aceitou a decisão superior, afinal era aquilo ou nada. Sonho de quatro patas adiado momentaneamente.
Saíram os dois para a loja de animais, dispostos a efetivar o negócio. Na loja, o menino, fascinado, era obrigado a desviar os olhos dos filhotinhos de linguiça que, animados, abanavam os rabinhos, pulavam e latiam a chamar sua atenção. Mais adiante um lindo gatinho persa de olhos azuis ronrona à sua passagem-"mas mãe...?" Nem pensar! Gatos dão alergia, soltam pêlos, blá blá blá.  Passaram por hamsters, tartaruguinhas, iguanas e chegaram no setor dos aquários. A mãe, na maior animação, deixa o menino escolher, desde que seja um só, aquário grande dá muito trabalho. O menino enfim escolhe um lindo exemplar de Beta vermelho, e levam para  casa o peixe com toda a parafernália, aquário, ração, e uma palmeira para enfeitar o minúsculo habitat de seu novo amigo. Amigo? O menino até que tentou: batizou o peixinho de Beto, puxava assunto, jogava escondido uns pedacinhos de pão, e nada do danado interagir. Só tinha alguma diversão quando colocava um espelho na frente do aquário e o Beto se eriçava todo pensando se tratar de um inimigo! Mas logo o menino cansou desta brincadeira e do eterno silêncio do peixinho, que passou a ser apenas mais um objeto de decoração na prateleira. Os pais ainda tentaram, e resmungaram, depois se conformaram e cuidavam eles mesmos do peixe mudo.
Algum tempo depois, o peixe morreu, como era esperado. Os pais, em pânico, preocuparam-se com a reação do menino. Seria o primeiro contato com a morte, poderia ser uma oportunidade e um aprendizado. Foram juntos, com todo o cuidado, contar ao garoto sobre a má sorte do Beto, peixinho calado. O menino, do alto de seus 5 anos e de sua vasta experiência, adquirida no Animal Planet, olha para eles e diz: que pena, mas é assim mesmo, peixes não vivem muito. E volta sua atenção para a luta que o batman travava com o dinossauro do mal.
O pai, inconformado e preocupado, sugere uma avaliação psicológica. A mãe, triste, mas realista, enfrenta melhor a situação. O menino segue sua vida alheio a tudo isso, e nem percebe o aquário onde, por uns bons dias ,continuava boiando o falecido, numa tentativa desesperada do pai de provocar uma reação,um choro,uma emoção.Um suspiro, talvez? Em vão.Não tem sentimentos este menino? Alguns dias depois de sua passagem, o peixinho Beto finalmente é descartado, digo enterrado,  pela faxineira resmungona que já não aguentava a cena e o cheiro daquele pobre infeliz na prateleira.
Nota da autora: apesar de ser baseada em fatos reais, esta é uma história de ficção.