Tem dias que a gente sente muito medo. Coisas ruins acontecem, e às vezes elas acontecem numa sequência difícil de digerir, uma em cima da outra.
O ano mal começou e os pepinos, que não se importam com essas datas de recomeço, ou zeradas de calendário, apareceram sem se importar que faz calor, que é verão, e que a única preocupação deveria ser passar filtro solar antes de sair à rua.
Sei que não dá para evitar o medo. Mas dá para evitar alimentar até que ele se torne uma montanha intransponível, uma espécie de gás paralisante, um mimimi sem fim. Dá para evitar o triste papel de vítima das circunstâncias. ( Isso não existe, gente).
Depois de passar um dia bem ruim ontem, fiz um pacto comigo mesma, hoje. Mais uma resolução para a vida do que para o ano.
Não vou deixar que o medo me domine. Que ele seja menor que a minha coragem, e que seja sempre passageiro, esse convidado indesejado.
Enquanto pedalava pelas ruas da cidade deserta, pensava em maneiras de enxotar o intruso. Aí lembrei de uma técnica que aprendi no pós em terapia cognitivo comportamental, para combater crenças e ideias catastróficas, que consiste em questionar infinitamente "e se"?
O que pior te aconteceria "se", e vai se dissecando todas as terríveis hipóteses que criamos na nossa cabeça, desdobrando todas as possibilidades, uma por uma, até chegar na última. ( Vale fazer por escrito).
A última, para mim, é a morte. Ela que é, na vida, a única coisa para a qual não existe remédio ou solução. E, desculpem o lugar comum, mas o que não tem solução solucionado está.
Então, de vez em quando é bom se perguntar, para botar em perspectiva: "vou morrer disso? Isso vai me matar?"
Se a resposta for não, bora lá. Continuar.
Dani Altmayer