segunda-feira, 21 de setembro de 2020
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Manual de direção para homens sem noção
“Porque a gente só se interessa por aquilo que nos interessa.”
Pedro Gonzaga
Você não é o primeiro
talvez não seja o último
do pacote, então.
Ela não é mais só
um rostinho bonito.
Nem tampouco somente
é bunda e seios e anseios.
Não pense, senhor
que ela não pensa,
experimenta: converse.
Não apenas fale
ouça, seu moço-
mas não atropele.
Para. Escuta e olha.
Espera o sinal verde,
não avança. Pergunta.
Na dúvida, não.
Veja bem, meu bem:
século vinteum
-nem todos-
eu sei
e nem toda
Mulher
está em modos
de espera.
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
Sete
Sento para meditar e ela se acomoda entre as
minhas pernas, ronronando. O som suave me acalma, lembra um mantra de paz, ela dorme e eu divago. Não sei silenciar a mente- raramente. Muitos pensamentos, lista de coisas para fazer, mesmo neste feriado embuste.
Alguém varre a calçada lá fora, ouço o som seco da vassoura no chão molhado. A chuva deu um tempo.
Ontem à noite um pássaro cantava. Onze horas e aquele canto solitário, pungente. Fazia silêncio de outro jeito, não lembro de ouvir pássaros, à noite.
Talvez eles tenham começado a confundir os relógios, como nós, no meio desta infindável pandemia.
Estou na metade do livro da Ferrante, é, como sempre, forte. Ela me captura todas as vezes. E me incomoda bastante.
Esta madrugada sonhei com a minha mãe e a casa do Cassino, depois sonhei com a Inglaterra, meu pai, a não mais tão pequena Isabella, meus irmãos. Minhas saudades todas me visitaram no sonho. Foi bom, mas agora há um manto cinza de melancolia, como o deste céu monocórdico sem nuvem ou nuance.
Preciso levantar, pegar o note, escrever um poema irônico- ideias, onde se escondem, do que se alimentam- como sobrevivem?
Mas a gata se espreguiça e volta a dormir, quem tem, sabe: quando um gato está no seu colo, é proibido se mexer até alguma ordem em contrário.
Estou presa, neste instante.
Alguém varre a calçada lá fora, ouço o som seco da vassoura no chão molhado. A chuva deu um tempo.
Ontem à noite um pássaro cantava. Onze horas e aquele canto solitário, pungente. Fazia silêncio de outro jeito, não lembro de ouvir pássaros, à noite.
Talvez eles tenham começado a confundir os relógios, como nós, no meio desta infindável pandemia.
Estou na metade do livro da Ferrante, é, como sempre, forte. Ela me captura todas as vezes. E me incomoda bastante.
Esta madrugada sonhei com a minha mãe e a casa do Cassino, depois sonhei com a Inglaterra, meu pai, a não mais tão pequena Isabella, meus irmãos. Minhas saudades todas me visitaram no sonho. Foi bom, mas agora há um manto cinza de melancolia, como o deste céu monocórdico sem nuvem ou nuance.
Preciso levantar, pegar o note, escrever um poema irônico- ideias, onde se escondem, do que se alimentam- como sobrevivem?
Mas a gata se espreguiça e volta a dormir, quem tem, sabe: quando um gato está no seu colo, é proibido se mexer até alguma ordem em contrário.
Estou presa, neste instante.
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Lagartas
Folhas de amora
na xícara de chá
mulher madura,
bicho de seda
em firmes crisálidas
a lenta tecitura
toque macio suave
incansável delicadeza
o tempo são larvas
que tecem
casulos que fiam
os finos fios
da vida,
tecido feminino
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