sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O melhor de mim



E quando passarem a limpo,
E quando cortarem os laços,
E quando soltarem os cintos,
Façam a festa por mim...
(Ivan Lins)

Você chegou na tarde de uma outra sexta-feira, há dezessete anos.
Trouxe o caos e a cor.
Transformou a minha existência.
Deu nome ao meu livro:
" O amor errado mais certo do mundo."
Amor maior que eu.

(Amor que não se mede, que não se repete, que eu nunca vi igual- estou cantando agora, sorry, tapa as orelhas).

Meu implicante favorito, te desejo um dia lindo, uma vida plena de sonhos e realizações. Que não falte nada do que importa pra ti. E que dê e sobre tudo o que te faz feliz.
Te amo, e amo ser tua mãe.

Dani Altmayer

domingo, 13 de agosto de 2017

Sujeito não é objeto


Lendo um livro difícil, aprendi uma palavra nova hoje:
Ponderoso.
Estivesse eu mais distraída, leria poderoso e ficaria por isso mesmo. Caberia.
Assim é a vida, como esse livro difícil. Vive ensinando - só que depende, e muito, da nossa atenção.
Conto isso para ilustrar o pensamento que me ocorre ao percorrer nas redes sociais as homenagens numerosas (em igual número de críticas) aos pais pelo seu dia.
Pais, ou mães: humanos.
Somos falhos, todos, em graus diferentes. A gente é o que sabe, e o que pode ser.
"Somos quem podemos ser".
Mas, e esse mas é muito importante:
MAS
Não somos fixos.
Fomos feitos mutantes.
Podemos deixar de ser quem somos, a qualquer momento e ocasião.
Nos desvestimos do antigo, como de uma velha roupa apertada que não cabe mais.
Porque nos tornamos mais sábios. Ou mais relevantes e pesados.
Maiores.
Ou, simplesmente, porque passamos adiante.

Dani Altmayer

domingo, 6 de agosto de 2017

Na hora ( toda hora)







Fecho os olhos para ver você
Mordo os lábios com força
Com raiva? Com gana
De ti. Dele.

Para não escapar outro nome, 
Eu te engulo. Me devoro.
E (nos) sangro.

Dani Altmayer

Sem nome








Sigo o rumo do vento.
Ouço o silêncio do tempo.
Prefiro as velas içadas- incertas,
Eretas.
Ao infiel enferrujado cais.

Dani Altmayer ( imagem inclusive)

sábado, 5 de agosto de 2017

Mais uma de amor




Mais uma de consultório:

Ela tem setenta e foi consultar por um resfriado. Ao final da consulta, já de pé, me diz:
- Tenho que me cuidar, meu namorado tem 90 anos.
- Senta aí, dona X. Me conta!
(Adoro histórias de amor.)
Ela é viúva há 5 anos, de um casamento de trinta com um " homem lindo". Ele, viúvo há 10. Vizinhos na zona sul, não se conheciam. 
Em um domingo de sol, a caminho do supermercado, ela reparou num arbusto cheio de flores na frente de uma casa amarela.
Decidiu bater à porta para pedir uma muda. Foi ele quem atendeu. 

Ficaram conversando por quase uma hora, e ele lhe deu a muda em troca do número do seu telefone. Ligou pra ela no dia 8 de março, dia da mulher, parabenizando- cheio de charme. Foi convidado, ou se convidou para um café. Na despedida, um beijo roubado. Desde então, passam os dias juntos. Almoçam. Tomam vinho. Namoram. "O beijo dele é uma delícia, doutora. Ele é muito carinhoso. Um velho cheiroso, inteligente. Uma enciclopédia! Toda hora aprendo uma coisa nova com ele."
Ao cair da noite se despedem, só dormiram juntos duas vezes nesse tempo - quando ele esteve doente e quando o filho com quem mora viajou. Ela me fala que não esperava se apaixonar, ainda. De novo. Mas aconteceu:"A vida surpreende."
Pergunto se ela gosta de ler.
- Nós dois gostamos muito.
Indico para ela o livro Nossas noites, de Kent Haruf.
É a história deles, no turno inverso.
Me atraso toda, bem feliz.
Nunca é tarde. Não demais.


Dani Altmayer