domingo, 17 de abril de 2011

Somos todos um


Sobre o massacre na escola do Rio, li um editorial na ZH em que o autor pedia desculpas aos jovens mortos e suas famílias. Não lembro quem escreveu, mas não era uma autoridade, era um cidadão comum, como eu e você. Que estava tomando para si parte da responsabilidade pela tragédia. Chorei, como chorei ao ler , ouvir, ver cada notícia a respeito. Mas este texto me tocou especialmente, e me fez lembrar de um episódio ocorrido há algum tempo. Meu filho tinha 6 anos na época. Estávamos saindo de um restaurante no bairro Moinhos de Vento, com o pai e a mãe, e havia um menino pouco maior que ele vendendo pano de prato na porta do restaurante. Eu disse "não, obrigada", mas o João me olhou com aqueles olhos transparentes e pediu, "compra, mãe, ajuda ele". E claro, comprei um ou dois. No carro, a caminho de casa, após várias considerações e perguntas sobre onde e como o menino vivia, porque trabalhava, etc...ele declarou: "quando vejo estas coisas sinto uma culpa não sei de quê..."

Apenas para refletir um pouco, afinal , quem somos nós?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O rafting e a vida


Nas férias em Itacaré fiz rafting. Confesso que fui quase obrigada, mas a aventura se revelou, contra todas as expectativas, muito prazerosa. Gostei da adrenalina, afinal. Quem diria?
Mas não é sobre isso que queria escrever. Hoje estava lembrando de uma frase dita pelo guia do passeio: "se cair, faz posição de corredeira". E pensando que tem momentos na vida que só o que nos resta é fazer "posição de corredeira". Explico:se você cair do barco deve ficar deitado,reto, de cabeça para cima, e deixar-se levar pela corrente.Segundo os guias, é a melhor forma de não se machucar e esperar pelo resgate. No rafting há uma série de comandos, direita, esquerda, alto, forte, enfim, para que possamos atravessar as corredeiras da melhor forma possível. Mas às vezes não dá. Um viés qualquer, seja culpa nossa ou da força da água, e o barco vira, ou nos joga para fora. E aí, nada de lutar, só se deixar levar. E não é assim a vida? Remamos, lutamos, tentamos e mesmo assim, muitas vezes somos surpreendidos por algo maior do que nós, que nos arrasta, sufoca, afoga, nos joga para fora. E se decidirmos nadar contra, brigar, acabamos arrasados, exaustos, afogados. Acho que há momentos na vida em que é preciso saber esperar. Saber parar. Soltar os remos e fazer a posição de corredeira. Poupar energia, esperar o resgate, porque ele vem, sempre vem.