quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Menina

Final de dezembro em Porto Alegre, calor mas nem tanto, um belo sol brilhando, algum vento. Entro na lotação quase vazia, recosto a cabeça e me entrego aos pensamentos, que vão se transformando em semi sonhos a partir do embalo do veículo e do cansaço de fim de dia. Ar condicionado em temperatura milagrosamente agradável.Os olhos vão fechando e abrindo enquanto me dirijo  ao salão  para retocar os loiros. Sonolenta. Então eu a vejo, logo na descida do viaduto. Uma menina mulata, 15 anos no máximo, magrinha, empunhando seu carrinho de compras, de supermercado, sem compras. No carrinho, papelões de todos os tamanhos e formas. Ela arrumadinha, de legging com apliques brilhosos, uma blusinha de renda a cobrir seus peuqenos seios, chinelos de dedo.Sozinha. Empinada, segue atenta a tudo, estaciona seu carro, pára, olha, vai à busca de algum pequeno objeto que do meu trono não consigo identificar. E segue, escrutinando a rua, com seus olhos atentos, com sua beleza adolescente, com seu caminhar decidido. Me acorda enfim.
E me faz perguntar que sonhos terá esta menina? Que sonhos posso eu ter? Lembro de uma história que me foi contada : certa feita entrevistaram um mendigo, morador de rua e perguntaram a ele o que esperava do novo governo.(era época de eleições).E ele respondeu, de súbito: que construa mais viadutos!  E meu pensamento volta novamente para a menina. Sonhos? Que sei eu? Um mundo nos separa. E não.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Adeus ano velho

 Faltam apenas 3 dias para 2012, inevitável balanço de fim de ano. Por mais que se racionalize que é apenas um novo dia, como qualquer outro,não, não é. Milhões, bilhões de pessoas fazendo pedidos, resoluções, desejando coisas, sonhando...tudo isso traz para a virada do ano uma energia diferente e especial, fazendo esta data diferente e especial. Então vou aproveitar este dia para refletir, agradecer e por que não, pedir também?Sonhar um pouco?!
Agradecer ao ano de 2011, com profunda aceitação de tudo que não foi tão bom e exercendo a difícil arte do desapego a tudo que foi tão bom! Todos os encontros, desencontros, alegrias e lágrimas vão ficar onde já estão, como partezinha da história de uma vida, uma lembrança, e só isso.(tudo isso).
E que 2012, ano tão polêmico, comentado, venha com tudo, não para terminar com o mundo, e sim para mudar um pouco o mundo, mudar muito, mudar tudo!Mudar para melhor! Que traga, este ano bebê, a alegria e inocência de uma criança, ainda não contaminada com a malícia e a maldade. Que venha pleno de esperanças, de simplicidade, de amor verdadeiro, da real igualdade  entre as pessoas, que sejam respeitados sexo, cor, credos, com a certeza de que,  no íntimo, somos todos feitos da mesma matéria, tão humana, tão imperfeita. Que a gentileza impere em 2012 e  que se possa dizer muito mais sim do que não. Mas que se diga não sem culpa, sempre que for procedente e necessário.Que todos sejamos o mais felizes que pudermos, no maior tempo possível, porque também sabemos que não dá para ser feliz o tempo inteiro.E que as tristezas sejam recebidas como presentes também,afinal, não se pode viver sem  chuva, quão áridos seríamos sem nossas dores para nos moldar?E lembremos que tudo é provisório e tudo é importante, que um ano foi e outro virá, e que, muito além das marcas  em nossos corpos, deixará marcas em nossas almas.Adeus ano velho, feliz ano novo,ano que trará certamente um nascimento e vários renascimentos.Viva 2012!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Desejo de Natal



Outro dia, na aula de yoga, meu professor falou sobre como perdemos a capacidade de observar ao longo do tempo, de como criamos imagens mentais a respeito de tudo o que vemos ou entramos em contato, e, a partir de um dado momento, passamos a "ver" através da mente. Isto significa que produzimos uma imagem ou um conceito a respeito de algo ou alguém, e este se torna nosso filtro ao olharmos para este algo/alguém. Fiquei pensando nas palavras dele, e no quanto perdemos ao nos tornarmos pré conceituados e pré conceituosos. As coisas estão em constante transformação, as verdades não são absolutas, as pessoas mudam, não existe um dia igual ao outro. Alegrias, tristezas, um carinho, um amor, uma perda,tudo isso poe em movimento, transforma, faz crescer, faz murchar. Um dia de sol, a risada de uma criança, a lealdade de um cãozinho. A dor de uma ausência, o vazio de algumas presenças, uma noite mal dormida, um sonho que se perdeu, um vento forte.Dores de infância, sofreres de adolescência, cansaço da vida adulta, pesar da maturidade, são tantas e tantas variáveis que me pergunto por quê? Porque não olhamos o mundo com olhos de criança, como se cada momento fosse (e é) único e especial. como se cada pessoa tivesse ( e tem ) a chance de ser diferente, de fazer diferente? Porque não conseguimos tirar a névoa das idéias pré concebidas, o ranço das coisas passadas, e não damos a chance de reinventarmos a cada instante, de mudar de idéia, de redimir os erros, os nossos e os deles (os outros)? Como podemos ser tão categóricos e tão cegos, se nós mesmos dormimos e acordamos diferentes a cada dia, sem muitas vezes nem sequer perceber? Quem é este estranho que sou eu? Quem sou eu hoje, quem é meu irmão, que cor, que cheiro tem esta flor?
Meu desejo, neste final de ano, é que tenhamos todos uma segunda, terceira, infinita chance de mudar, mudar de lugar, de idéia, de olhar! Que possamos tirar os filtros da mente que atrapalham nossa visão e que tenhamos a pureza de uma criança descobrindo o mundo e se maravilhando com a beleza e a feiúra que convivem e estão em tudo, e trocam de lugar a cada momento.Que possamos ver que nada é permanente, e por isso mesmo, pode ser tão belo!

sábado, 29 de outubro de 2011

Jogo do Contente



Hoje, durante o plantão, reli Poliana, que foi um dos primeiros livros que minha mãe me deu quando criança. Devo ter lido este livro umas duas vezes por ano, entre os sete e sei lá, doze? Amava muito aquela história da menina e o jogo do contente. Muitas vezes cheguei a brincar, que tinha lido Poliana demais, e isto tinha me estragado. Devorei o pequeno livro, revisitando a história singela de uma garotinha que tinha a idade do meu filho hoje, e que tinha aprendido um jogo, e que, com este jogo, mudou a vida de todos na cidade onde foi morar. O jogo do contente. Que começa quando ela ganha muletas em vez da boneca tão esperada. Um jogo (simples?) que consiste em procurar, dentro das adversidades, um motivo para sorrir. Ver que até nos piores momentos, se olharmos com cuidado, podemos ver um significado positivo. Que até mesmo as piores (?) pessoas tem um lado bom. Reli porque queria saber como meus olhos de hoje veriam aquela história que foi tão presente na minha infãncia. Tive a grata surpresa de me teletransportar para um outro tempo .Tempo já tão passado, e ainda assim me sentir exatamente como aquela pequena menina , que lia e relia, maravilhada e ingênua ,a historinha maravilhosa e ingênua. A história que falava, muito mais do que de otimismo, do amor pela vida em todas suas formas. Me reconectei com a minha criança, além do que esperava, e relembrei o jogo de tentar encontrar alegria, seja no que for.Nós adultos ficamos muito parecidos com a tia da Poliana, muito conscientes de nossos "deveres" e esquecemos de viver. Como ela diz no livro " respirar apenas não é viver"!Gostaria que pudessemos ser, ao menos um pouquinho, polianas no nosso dia a dia. Com certeza o mundo seria um lugar bem melhor!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Transporte público

Tá certo, não vem ao caso, não vamos entrar neste assunto. Não dirijo porque tenho trauma, ok, fobia. Não por opção ou por respeito ao meio ambiente. Mas vamos fingir que é por isso mesmo, por ser consciente, pela poluição incrível que é uma pessoa sozinha em um carro, pela dificuldade de se estacionar no centro de Porto Alegre.Enfim , um sem número de ótimas razões para deixar o carro em casa e ir de ônibus ou lotação para o trabalho. Combinado, então, eu, por escolha, e não por falta de, uso os dois meios de transporte para me locomover. ( e táxi muito ocasionalmente). Beleza, não? Não. Porque eu moro em um país que nunca vai ser desenvolvido enquanto não priorizar o coletivo. E não só no dia internacional sem carro, que é uma piada. Enquanto não houver ônibus limpos, climatizados, com motoristas educados que respeitem quem está de pé, e não façam da direção uma oportunidade de brincar de "joão bobo" com as pessoas. Ou melhor, enquanto não houver ônibus suficientes para que ninguém precise andar de pé. E que nas paradas, os motoristas se aproximem das calçadas, para que não seja preciso ser um atleta ou fazer malabarismo para literalmente saltar do ônibus. Enquanto não houver obediência a horários, porque meu ônibus passa a qualquer momento entre 7 hs e 7:20hs, e isso não é respeitar o cidadão. E quando você opta pela lotação, supostamente um transporte diferenciado, visto a passagem custar quase o dobro do valor do ônibus, e nesta também horários não são seguidos, motoristas dão carona a colegas, que ficam a viagem inteira reclamando da empresa, e ainda ligam o ar condicionado como se estivessem no Senegal. Como pode um país ser dito civilizado, se o motorista para em frente a um bar, para que o colega desça e compre seu almoço, enquanto os passageiros ficam esperando? E que este colega, na volta, sentado no primeiro banco, passe a degustar com prazer polentas gordurosas e salsichões ainda mais? Realmente, não é uma escolha.É uma falta de escolha.E é uma vergonha.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Passado

Às vezes, ao encontrar pessoas que fizeram parte da minha vida em algum momento, ou ao relembrar histórias de outros tempos já mais distantes, mas nem tanto assim, me sinto como uma estranha em mim mesma. Não consigo reconhecer a pessoa que fui além de uma simples personagem, não identifico sentimentos, percepções, emoções. Sei que vivi aquilo, que era eu quem estava lá, mas quem era aquela eu? O que ela pensava, do que gostava, do que não gostava? Existe uma dicotomia entre eu e aquela eu. As lembranças estão preservadas, muitas histórias contadas, as fotos me mostram como eu era, mas aquela não sou eu. É uma estranha que me olha através do tempo, uma estranha para quem olho com curiosidade, tentando imaginar de que forma pensava, amava, vivia. As pessoas que aquela eu conheceu também são estranhas, com exceção de algumas poucas e especiais que acompanham a eu de agora através deste caminho chamado tempo. Estas eu reconheço, mas pelo hoje, de ontem só as histórias, não as pessoas. também já não sei como eram, como viviam, como amavam. Muitos se perderam no caminho, muitos foram resgatados. Outros se foram para nunca mais. Encontros e partidas, nesta maravilhosa viagem que é a vida. Mas todos, absolutamente todos, incluindo a estranha que era eu, fizeram parte da construção do que sou agora. É um paradoxo. E é onde concluo, mais uma vez, que tudo o que tenho é este momento, que não por acaso, se chama PRESENTE.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Comida chinesa ou hábitos culinários JP

Chove em Porto Alegre, estou na lotação voltando para casa, recebo uma ligação do meu filho: "mãe, vamos pedir comida chinesa hoje"?Detalhe, são 17:30hs.Respondo que talvez, vamos ver. Chego em casa e a ladainha de sempre, frase mais ouvida nos últimos dez anos:"mãeeeeee tô com fomeeee!!" Com um pouco de sorte e um alfajor, consigo ir à academia e adiar a janta para as 19 horas. Chega o pedido, frango à xadrez e rolinho primavera. Despejo tudo no prato dele ( pedi o júnior): "pode colocar tudo, menos o amendoim, não gosto com amendoim." Sento e fico observando ele catar os pedaços de frango, uma ou outra cebola e deixar todos os pimentões."Não gosto de pimentões".E o prato vai ficando totalmente verde. No final, para ajudar, acho uns micro pedacinhos de frango no meio da montanha de pimentões, aponto e ele me diz: estes não, estão com muito molho, e eu não gosto muito deste molho." Como assim? Frango à xadrez, sem amendoim, sem pimentões, sem (quase) cebola e sem o molho?? Por que não pedistes outra coisa?" "Ah, eu queria um franguinho..." "Então por que não um frango empanado, sei lá?" "Ah, não, frango empanado tem muita gordura...e eu estou evitando gordura ultimamente. Menos a gordura do chocolate, claro!" Então tá né.

domingo, 17 de abril de 2011

Somos todos um


Sobre o massacre na escola do Rio, li um editorial na ZH em que o autor pedia desculpas aos jovens mortos e suas famílias. Não lembro quem escreveu, mas não era uma autoridade, era um cidadão comum, como eu e você. Que estava tomando para si parte da responsabilidade pela tragédia. Chorei, como chorei ao ler , ouvir, ver cada notícia a respeito. Mas este texto me tocou especialmente, e me fez lembrar de um episódio ocorrido há algum tempo. Meu filho tinha 6 anos na época. Estávamos saindo de um restaurante no bairro Moinhos de Vento, com o pai e a mãe, e havia um menino pouco maior que ele vendendo pano de prato na porta do restaurante. Eu disse "não, obrigada", mas o João me olhou com aqueles olhos transparentes e pediu, "compra, mãe, ajuda ele". E claro, comprei um ou dois. No carro, a caminho de casa, após várias considerações e perguntas sobre onde e como o menino vivia, porque trabalhava, etc...ele declarou: "quando vejo estas coisas sinto uma culpa não sei de quê..."

Apenas para refletir um pouco, afinal , quem somos nós?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O rafting e a vida


Nas férias em Itacaré fiz rafting. Confesso que fui quase obrigada, mas a aventura se revelou, contra todas as expectativas, muito prazerosa. Gostei da adrenalina, afinal. Quem diria?
Mas não é sobre isso que queria escrever. Hoje estava lembrando de uma frase dita pelo guia do passeio: "se cair, faz posição de corredeira". E pensando que tem momentos na vida que só o que nos resta é fazer "posição de corredeira". Explico:se você cair do barco deve ficar deitado,reto, de cabeça para cima, e deixar-se levar pela corrente.Segundo os guias, é a melhor forma de não se machucar e esperar pelo resgate. No rafting há uma série de comandos, direita, esquerda, alto, forte, enfim, para que possamos atravessar as corredeiras da melhor forma possível. Mas às vezes não dá. Um viés qualquer, seja culpa nossa ou da força da água, e o barco vira, ou nos joga para fora. E aí, nada de lutar, só se deixar levar. E não é assim a vida? Remamos, lutamos, tentamos e mesmo assim, muitas vezes somos surpreendidos por algo maior do que nós, que nos arrasta, sufoca, afoga, nos joga para fora. E se decidirmos nadar contra, brigar, acabamos arrasados, exaustos, afogados. Acho que há momentos na vida em que é preciso saber esperar. Saber parar. Soltar os remos e fazer a posição de corredeira. Poupar energia, esperar o resgate, porque ele vem, sempre vem.

domingo, 20 de março de 2011

Uma pequena crônica

Estou lendo um livro chamado A Resposta, que conta a história de três mulheres de Jackson, Mississipi, duas delas negras, ambientado no início dos anos 60. Ainda estou na metade do livro, mas totalmente tocada pela narrativa. Não faz tanto tempo assim, e ainda hoje vivemos com as sequelas deste passado recente. Segregação racial...segregações em geral!Acho que o preconceito foi mudando de forma, se disfarçando, às vezes nem tanto, retraindo em algumas partes e expandindo em outras. Muito triste. As pessoas tem tanta dificuldade em enxergar, em ver o outro, se este não for como um espelho. Tudo o que é diferente choca, incomoda, agride. Por que? Por que somos todos tão inseguros e ao mesmo tempo prepotentes? Por que impor nossa vontade, nossa verdade, nosso padrão? Por que tanto medo de religiões, crenças, sexo , cores que não condizem com aquilo em que estupidamente acreditamos ou "fomos acreditados"? Uma vez o meu filho perguntou sobre a questão do natal, porque os judeus não acreditavam em Jesus, etc... e enquanto eu contava para ele a história, me veio na cabeça que nada disso importa. Que o que realmente importa é o Amor.Assim, de letra maiúscula e tudo. E falei para ele: Jesus disse muitas coisa lindas, mas para mim, tem um mandamento que resume tudo, absolutamente tudo:" Amai-vos uns aos outros como a ti mesmo". Se assim fosse, as guerras, as grandes e as íntimas, não existiriam. Seríamos capazes de ver no outro a nossa imagem, e a imagem de Deus. Porque, como disse o mestre Osho, Deus só consegue se manifestar através do outro. Bom mas aí já é um novo assunto, porque me veio a seguinte pergunta ( ou resposta): se não amamos uns aos outros, não será porque não nos amamos o suficiente?

terça-feira, 8 de março de 2011

Carnaval


Terça feira de carnaval, fim de festa, fim de baile...fim! Agora sim começa o ano, neste país alegre e triste como um pierrô apaixonado...E que venha este ano, com muita energia para pular obstáculos, com muita alegria para encarar a rotina, com muita alegoria para enfeitar o dia a dia, e principalmente, com muita poesia para enfeitar a vida tão corrida, tão doída, tão sofrida desta gente festeira e guerreira, e brasileira.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Bahia

Dias de sol, festa do mar...ah, Itacaré! Pertinho de Ilhéus, na terra mágica da Bahia, um pedaço do paraíso.Difícil descrever, porque tem algumas coisas na vida que são impossíveis de transformar em palavras. Sentimentos, emoções, sensações e lugares que ficam marcados em nossas retinas e nossos corações. Dias de sol manso, mar quente, aventuras e prazer. Dias de cahoeiras e rios, praias e mata, dias de ouvir o mar quebrando na areia, leve, sensual.De esquecer do trânsito ouvindo o canto dos pássaros, o barulho dos córregos e o som da brisa nos coqueiros à beira mar. Muita água de côco, peixe fresco e exercício. Muitos risos e muitos sorrisos daquela gente feliz e bonita. Obrigada Itacaré, por tudo que não consigo colocar em palavras, mas trago como um presente do universo , guardado feito tesouro no meu coração.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Férias

Férias no verão, férias de verão.Apenas 10 ou 15 dias, não mais aqueles três meses intermináveis da minha infância. Três meses de Cassino, praia de manhã, bicicleta de tarde, piscina, picolé da Kibon, banho de chuva, bolinho de chuva.Bolo de pacote, bem quentinho. Conversas intermináveis com as amigas, dias e dias de puro prazer de um 'dolce far niente".Chegava a cansar de tantas férias. Agora são apenas alguns poucos dias, a casa do Cassino já não está lá, assim como já não estão aqui duas das pessoas mais importantes que fizeram mais doces os dias e noites de tantos verões. O Cassino já está longe de ser um local calmo e tranquilo, sua avenida se encheu de bares, lojas, agitos. Já não temos os trailers de cachorrão, o" seu português", a whiskeria e o Berro d'água. Sobram bares e lugares de gosto duvidoso, e tem muita gente e muito carro e menos bicicletas e parece que temos também mais calor e menos tempo, com a compensação de um mar mais claro, menos chocolate,e muito, muito menos vento. Algo mais mudou com o passar dos anos, além do dito progresso: o clima já não é o mesmo de quando era criança ou adolescente. Mas a praia está lá, linda nas manhãs e louca nas tardes, extensa, imensa, plana...caminhadas, milho verde, encontros...tudo isso ainda existe e persiste na maior praia em extensão do mundo. De qualquer forma, como são outros o tempos, e curtas as férias, estou de partida para a Bahia.