domingo, 14 de junho de 2020

Estações




O outono se acaba entre quatro paredes, era verão ainda quando ele veio, pulamos uma estação, o inverno se avizinha duro, é junho e não vamos pular fogueira, nosso tempo está em suspenso, um ano inteiro para não esquecer este ano absurdo, nos livros de história um dia, os desmandos, o medo, a luta, a dor, as doenças do corpo e o pior, a das almas, quão pouca alegria o doismilevinte nos deu até aqui, as máscaras necessárias, as máscaras caindo, sorrisos escondidos feito esperanças sem ar, as cruzes na areia, e ali na outra página a primavera, ela que nunca falha, já dizia o poeta, mesmo com todas as flores arrancadas, mesmo com todas as cruzes arrancadas, a primavera insistente, ela virá, toda linda em todo seu esplendor, e quando setembro chegar, eu quero estar junto a ti. Porque se tem uma coisa que sei de todas as infinitas que não sei, é que isso tudo que está aí vai passar. Sempre passa, tem que passar. O bem vence o mal, no final. O amor vence o ódio. A ciência, a ignorância e a doença. Tem que vencer.