terça-feira, 27 de setembro de 2011

Transporte público

Tá certo, não vem ao caso, não vamos entrar neste assunto. Não dirijo porque tenho trauma, ok, fobia. Não por opção ou por respeito ao meio ambiente. Mas vamos fingir que é por isso mesmo, por ser consciente, pela poluição incrível que é uma pessoa sozinha em um carro, pela dificuldade de se estacionar no centro de Porto Alegre.Enfim , um sem número de ótimas razões para deixar o carro em casa e ir de ônibus ou lotação para o trabalho. Combinado, então, eu, por escolha, e não por falta de, uso os dois meios de transporte para me locomover. ( e táxi muito ocasionalmente). Beleza, não? Não. Porque eu moro em um país que nunca vai ser desenvolvido enquanto não priorizar o coletivo. E não só no dia internacional sem carro, que é uma piada. Enquanto não houver ônibus limpos, climatizados, com motoristas educados que respeitem quem está de pé, e não façam da direção uma oportunidade de brincar de "joão bobo" com as pessoas. Ou melhor, enquanto não houver ônibus suficientes para que ninguém precise andar de pé. E que nas paradas, os motoristas se aproximem das calçadas, para que não seja preciso ser um atleta ou fazer malabarismo para literalmente saltar do ônibus. Enquanto não houver obediência a horários, porque meu ônibus passa a qualquer momento entre 7 hs e 7:20hs, e isso não é respeitar o cidadão. E quando você opta pela lotação, supostamente um transporte diferenciado, visto a passagem custar quase o dobro do valor do ônibus, e nesta também horários não são seguidos, motoristas dão carona a colegas, que ficam a viagem inteira reclamando da empresa, e ainda ligam o ar condicionado como se estivessem no Senegal. Como pode um país ser dito civilizado, se o motorista para em frente a um bar, para que o colega desça e compre seu almoço, enquanto os passageiros ficam esperando? E que este colega, na volta, sentado no primeiro banco, passe a degustar com prazer polentas gordurosas e salsichões ainda mais? Realmente, não é uma escolha.É uma falta de escolha.E é uma vergonha.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Passado

Às vezes, ao encontrar pessoas que fizeram parte da minha vida em algum momento, ou ao relembrar histórias de outros tempos já mais distantes, mas nem tanto assim, me sinto como uma estranha em mim mesma. Não consigo reconhecer a pessoa que fui além de uma simples personagem, não identifico sentimentos, percepções, emoções. Sei que vivi aquilo, que era eu quem estava lá, mas quem era aquela eu? O que ela pensava, do que gostava, do que não gostava? Existe uma dicotomia entre eu e aquela eu. As lembranças estão preservadas, muitas histórias contadas, as fotos me mostram como eu era, mas aquela não sou eu. É uma estranha que me olha através do tempo, uma estranha para quem olho com curiosidade, tentando imaginar de que forma pensava, amava, vivia. As pessoas que aquela eu conheceu também são estranhas, com exceção de algumas poucas e especiais que acompanham a eu de agora através deste caminho chamado tempo. Estas eu reconheço, mas pelo hoje, de ontem só as histórias, não as pessoas. também já não sei como eram, como viviam, como amavam. Muitos se perderam no caminho, muitos foram resgatados. Outros se foram para nunca mais. Encontros e partidas, nesta maravilhosa viagem que é a vida. Mas todos, absolutamente todos, incluindo a estranha que era eu, fizeram parte da construção do que sou agora. É um paradoxo. E é onde concluo, mais uma vez, que tudo o que tenho é este momento, que não por acaso, se chama PRESENTE.