terça-feira, 4 de setembro de 2012

O umbigo

O umbigo. Uma pequena cicatriz localizada no abdome. Depois que deixamos o ventre materno, não serve para mais nada, é apenas isso, uma cicatriz. Mas, durante a gestação, é através do cordão umbilical que o bebê recebe o alimento e o oxigênio necessários para se desenvolver durante os nove meses de gravidez. É essencial, eu diria. No momento do nascimento, ele é cortado, e fica um coto, que depois de uma semana, mais ou menos, também cai. Ocorre a separação efetiva, e passamos a existir como seres independentes. Daí vem a expressão tão usada, cortar o cordão umbilical, quando nos referimos a deixar ir alguma coisa, a separações, a busca de independência. Temos que cortar o cordão umbilical. Nem sempre é fácil. E fica sempre uma cicatriz.
Do ponto de vista esotérico, esta cicatriz corresponde ao nosso terceiro chakra, que é também conhecido como plexo solar. Na verdade, o plexo solar localiza-se a uns dois centímetros acima do umbigo, no abdome, que é o centro de força do nosso corpo. É o centro da energia. Está relacionado o ego e à personalidade. Tem muito a ver com poder pessoal, e auto estima.
 E, por falar em auto estima, existem umbigos e umbigos. Uns bonitinhos, outros esquisitos, alguns para dentro, outros salientes. Cada um tem o seu, e como se diz por aí, cada um deve cuidar do seu. Isso significa, resumindo, não se meter na vida dos outros, o que é um conselho bem legal.
Mas algumas pessoas levam muito a sério esta recomendação de cuidar do seu umbigo e não fazem mais nada. Além de olhar o próprio umbigo. Não enxergam adiante. Do seu próprio umbigo. O que tem seu lado bom, afinal, depois que se corta o cordão, é cada um por si, mesmo. Quem melhor do que você para saber do seu umbigo? Ninguém, eu acho. Então ok, cuide bem do seu.
Mas não exagere. Afinal, se só o que eu consigo ver é meu próprio umbigo, além do risco óbvio de ficar vesga, corro um sério risco de ficar cega também. Ficar cega para as necessidades do outro, para os sentimentos do outro, para o outro, enfim. Corro o risco de não conseguir mais olhar para outro umbigo, não para cuidar dele, no sentido de intrusão, e sim para cuidar dele, no sentido de amar. Quem ama, cuida. E cuida sempre.
Se o meu umbigo é tão importante, o do outro também deve ser. E é. Ou eu acho que o meu é o único umbigo da face da terra?  Sei que não. Parece óbvio, mas se esqueço disso, corro o risco de acabar sozinha. Eu e meus botões, conversando com meu velho umbigo. ( Que nem é tudo isso).

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