quarta-feira, 11 de julho de 2012

A fórmula da coca-cola?


Não me coloque rótulos, por favor.
Não sou produto de consumo.
Se nem eu sei de que sou feita, como saberá você?
Sou carne, sou alma e coração, e isto é fato. Em doses variáveis, algumas vezes mais alma, outras mais carne, mas sempre muito coração. Sou cérebro, também, embora nem sempre na medida certa. Às vezes falta uma ou duas medidas. Às vezes sobram estas mesmas medidas. Algumas vezes está tudo certo. Na maioria das vezes não.
Esta é a composição básica.
Os outros ingredientes são como a fórmula da coca-cola. Secretos. Indecifráveis. E para falar bem a verdade, completamente instáveis. Um pouco louca. Muito louca. Completamente lúcida. Azeda e doce. Um pouco de cada, ou muito de um. Depende.
Apaixonada e indiferente. Responsável, inconsequente. Apegada. Atirada.
O que você quiser. O que eu precisar. Muitas ou apenas uma, sempre única. Você até pode me consumir. Mas não adivinhará a fórmula. Não existe fórmula. Não existe forma.
Sou feita de improvisos. Não me coloque rótulos. O que você vê é apenas o que você vê. E eu? Eu sou variável. Obscura, indefinível, imperfeita.
E orgânica.

Dani Altmayer

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