domingo, 30 de outubro de 2016

Tempo de acasalamento



É como houvesse uma roda girando no sentido oposto ao que ando.
Uma imensa roda cuja força não me atrevo a medir, desvio. 
Ando cansada, os passos nem sempre me alcançam.
Um simples tropeço eu caio. 
No centro desta roda, não há nada além de vazio. 
Na escuridão da ausência, nem pensamento nem dor.
Como haveria um céu inverso de ser.
Um esquecimento morno quase apagando seu rosto. 
Que nome agora te darei?
Em algum lugar o sol brilha, há uma árvore que não vejo.
Pois há ali um pássaro que ouço.
Ele canta alto um canto bonito e triste, chamando a fêmea no cio.
Triste também ela vem.
A cumprir seu destino de ser sem saber.
É primavera fora do centro.
E a roda gira, roda forte.
Para um lado sempre contrário ao meu.

Dani Altmayer

(Porque hoje um beija-flor apareceu na minha janela, perdido. Como eu.)

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