terça-feira, 10 de junho de 2014

#VaiTerCopaeEuVouTorcer


Daqui a dois dias começa a copa do mundo de futebol. Eu não gosto de futebol.
Mas, como muitas mulheres, eu gosto de copas do mundo.
Só que neste ano é no Brasil, e o Brasil é um país pobre, coitado.
É no Brasil, e tem jogo na cidade onde moro. Há dias o trânsito está caótico.Vou perder horas me deslocando.Vou perder horas de trabalho.Vou perder dinheiro. Vou perder paciência.
Eu não gosto de futebol.
O país da copa está em obras ( desde sempre). Nada está bem pronto (nunca está). Ninguém sabe falar inglês (nem português)  Tem milhares de piadas rolando nas redes sociais (algumas são bem engraçadas). Tem protesto por toda a parte (com toda razão).  Falta hospital, escola, segurança e bom transporte público (para ficar só no básico).
Eu não gosto de futebol.
Tem um milhão de motivos para ser contra. Ou mais,  Fica até feio não ser. Dá até um pouco de vergonha, torcer.
Ainda assim, eu vou. Vou torcer.
Vou me vestir de verde e amarelo, gritar sem saber se é pênalti ou escanteio, sem saber quem é quem, quem é atacante, ou zagueiro, sem saber de que lado fica o lado certo.
Eu nunca sei o lado certo.
Mesmo assim, vou fazer pipoca, e chimarrão, vou reunir os amigos, voltar a ser criança, e torcer. Pintar a unha, e a cara. Vou cantar errado o hino e aturar o Galvão.
Vou torcer para que a festa seja bonita, e que predominem a paz, o espírito esportivo, e a lealdade. A verdadeira alegria, a beleza do esporte.
Vou torcer para que os visitantes se sintam acolhidos, apesar da bagunça da casa.
E que os anfitriões deixem para passar o aspirador depois, que agora não é hora de faxinar.
Em outubro é que é.
Vou torcer para que não esqueçam, depois. Pão e circo, não, quando a festa acabar, quando a luz apagar. Não mais.
Vou torcer para a gente não esquecer. Eu, ele, você. Nunca mais.
Para ninguém varrer a sujeira para baixo do tapete de alguma vitória, que isso já é outra história.
Para depois.
Porque agora, eu vou me render e me calar. Deixar a emoção falar, sem razão.
Vou sim, torcer com orgulho. Para e pelo Brasil.
Porque o Brasil é que nem família. E família, a gente odeia mas ama, implica mas defende.
Família, só a gente pode falar mal. Ninguém mais.
Por isso, sem saber direito de que lado fica o lado certo, escolhi ficar do seu lado.
Do lado do meu país
Porque agora é tarde para brigar. Eu acho. Depois da merda feita, só me resta apoiar. E torcer.
Ainda que eu não concorde. Ainda que eu não goste de futebol.
Ainda assim, e apesar de tudo (que é muito). Eu ainda gosto, de copas do mundo.
Ou lembro vagamente de gostar.

Dani Altmayer


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