sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Última


Por quê? Por quê?

As coisas mais obvias são as mais difíceis de enxergar.
As mais simples, as mais complicadas de entender.

Uma gota basta para transbordar um copo.
Não é uma gota que enche o copo, veja bem.
São várias, muitas, centenas delas. Mas apenas uma o fará transbordar.
Basta uma. E ela não é a culpada, coitada.
Ela foi apenas isso, mais uma.  Aconteceu.
Mas foi "a"uma.
A que tinha que ser.

Não existe um ponto, é sempre uma linha. 
Contínua. Mutante. Feita de vários pontos.
Eles vão se somando.
Um, depois do outro, depois do outro e do outro.
Eu sei, eu sei. É difícil de acreditar.

A gente queria muito que fosse um ponto. A gente sempre quer. É sempre mais fácil culpar um ponto. Ou uma gota.
Sinto muito.
Não dá para fixar. Nunca dá.

Não foi isso, ou aquilo. Ou só isso, ou só aquilo.
Para compreender, para saber o porquê, tem que olhar o quadro.
Como "um todo."
De longe, e de perto.
O filme, desde os créditos iniciais.
Bem do começo, até a gota final.
É sempre o conjunto da obra.
E é sempre o copo, que já estava muito cheio.
Cheio demais.

Dani Altmayer




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