sexta-feira, 21 de março de 2014

Nostalgia


Hoje senti vontade de escrever para você. Escrever uma carta. 
Houve um tempo em que se escreviam cartas.
Este tempo passou, como passam todas as coisas. Só algumas vontades é que não passam nunca.
Como a minha vontade de falar com você.
Queria te dizer tantas coisas. E queria falar de amor com você, mas este tempo também já passou. 
Mesmo que a vontade não tenha passado, será que dá para entender? 
É que perdi seu endereço, com o tempo, sempre ele, e cartas de amor tem que ter endereço. 
Ou será que não tem? 
Cartas de amor podem ser escritas assim, sem sobrescrito, de alguém para ninguém?
Quem sabe as palavras, e as cartas, possam ser jogadas ao vento, e façam até mais sentido, deste jeito. 
Sejam menos ridículas.
Sem destino ou destinatário, o amor encontra o rumo, sozinho. Que mereça.
Como um SOS lançado ao mar, ninguém sabe bem onde vai chegar. Ou a quem encontrar. 
Será que ainda mandam mensagens, em garrafas no mar? 
Acho que já saíram de uso, como as botelhas de vidro, que quase nem mais se vê. Estão fora de moda.
Como as cartas, aliás, e o próprio amor.
Houve um tempo em que havia o amor. E havia endereço.

Dani Altmayer

4 comentários:

  1. É Dani, temos até saudades em
    comum.
    Saudades de cartas.
    Só nós ou será que tem mais
    alguém?
    Cheguei a escrever, mas nem
    postei. Pensei que ninguém
    fosse me entender.
    Beijão
    Tânia

    ResponderExcluir
  2. Eu te entendo Tania. E acho que muita gente tb.Um beijo, querida

    ResponderExcluir