domingo, 16 de março de 2014

Eu Acho

A gente sempre julga, e dizer que não é hipocrisia.
A vida é um grande tribunal, onde nós somos, ao mesmo tempo, os réus e os magistrados. Advogados de defesa e promotores.
Não estamos livres de julgamentos, em nenhum momento. Dos nossos próprios, ou dos alheios.
Julgamentos estes que nem sempre são justos, admito.
Tudo passa pelo crivo, cruel ou não, da apreciação, de nossos e de outros atos.
E esta análise sofre o revés de um filtro, que nem sempre é transparente e claro. Que é, muitas vezes, deturpado e distorcido, escurecido e enfumaçado, por crenças e vivências pessoais.
É difícil ser isento, não tomar partido, não escolher um lado. O lado que mais nos convém, em geral. Não necessariamente o mais correto, o mais reto. A verdade é que ninguém é imparcial, de verdade.
É bonito dizer que não devemos julgar. Seria o ideal. Mas é irreal.
Julgar é inevitável, é humano. Fazemos isso o tempo todo. Quando alguém nos conta uma história, quando assistimos a um filme, quando lemos sobre política. Quando a amiga troca de namorado, ou de corte de cabelo. Quando vemos uma foto, uma postagem, uma roupa na vitrine. Analisamos, conferimos, e julgamos.
Não tem nada de errado, ou certo nisso, eu acho. É assim que é. E, desde que guardemos nosso julgamento para nós mesmos, tudo bem. Porque ele pode mudar, a cada instante. Nada é definitivo, muito menos nossa opinião. Somos seres contraditórios e volúveis, por natureza.
Podemos julgar, mas sem bater o martelo, jamais. Não deveríamos poder emitir sentenças, menos ainda condenar. Nem a nós mesmos, nem aos outros, eu acho.
Impor convicções e ideologias parece até meio absurdo, uma falta de respeito. Ideias fixas e unanimidade são burras, em geral.
Porque, nesta grande confusão em que andamos metidos, cada um sabe onde afrouxa e onde aperta, onde dói e onde dói menos.
Não existe uma verdade absoluta, eu acho.
"Cada um sabe a dor e a delícia de ser como é."
Existem pequenas verdades, inúmeras delas, e existe a ética. Esta sim, é grande, talvez universal. E, dentro da ética, gosto, religião, política e moral são coisas que até se discutem. Mas que não deveriam ser impostas ou imperativas, ou obrigação.
No tribunal desta vida, o julgamento nunca chega ao fim. Somente muda de fase. Sempre podem aparecer novas provas, novas evidências, novas testemunhas, a favor e contra. A roda gira, e a gente pode morder a língua mais adiante. Na melhor das hipóteses.
Até porque, como falou um grande homem, muito sábio, milhares de anos atrás: que atire a primeira pedra...
Quem nunca?
Mesmo que, nos dias de hoje,  nestes tempos de redes sociais, muitas vezes tudo pareça um tanto invertido, condena-se antes, e julga-se depois. Mesmo assim, acredito que ainda vale a máxima: "todo mundo é inocente até que se prove o contrário." (Eu acho.)
Mas posso perfeitamente estar errada. Afinal, bem se vê. O mundo não é, nem de longe, um lugar de justiça. Nem remotamente, não é. Nem um pouco justo.

Dani Altmayer

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