terça-feira, 25 de março de 2014

Livrai-me de Toda Convicção, Amém


Um dia, guardei minhas certezas como moedas, no bolso.
Eu tinha tantas, mas tantas, que o bolso ficou pesado.
Devia ter guardado no cofre, por segurança, se as queria.
O bolso estava furado, e eu não sabia. 
Sem perceber, as fui perdendo, uma a uma.  
Deixei pelo caminho, como as pedrinhas do João e da Maria, só que ao contrário. 
Não fiz de propósito, esta coisa de perder coisas, de me perder. Aconteceu, quase sem querer. 
Culpa do tempo, da terra. Dos terremotos.
De caminhar nesta estrada.
Nossa, que estradinha bem complicada, vou te dizer. 
Esburacada, confusa, barulhenta. 
Chacoalhante. Foram tantos tropeços.
Demorou bastante, até não me restar mais nenhuma. Até eu precisar de alguma.
Quando meti minha mão no bolso, surpresa. Um bolso vazio. 
Cadê a certeza que estava aqui, ainda ontem? Aquela, que não me deixa mentir? 
E as outras, eram tantas.
Nada, procurei em vão. 
Logo naquela encruzilhada. No meio da bifurcação.
E eu nua, no meio de qualquer rua. 
Sem placa, ou indicação. Sem saber como, ou para onde seguir. 
Para quê?
"Uni duni tê, o escolhido..." 
É assim que tomo decisão, hoje em dia.
Feito criança.
Não tem jeito melhor de ouvir a intuição. 
A voz que fala, quando tudo mais se cala.


A única que é minha, e absoluta. 
Que não se define, e não falta.
O único som que escuto vem do silêncio.
Das batidas do meu coração.

Dani Altmayer

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