sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Nuvens

Passageiros, como nuvens. Assim são todos os momentos. Breves períodos de tempo, por definição. E nada além disso.
Momentos são como sonhos. Momentos, como sonhos, podem ser bons. Ou ruins.
É sempre um alívio acordar de um sonho ruim. Aquela hora em que você acorda, e suspira, aliviado, e pensa: foi só um sonho. Ainda bem.
É sempre triste acordar de um sonho bom. Aquela hora em que você acorda, sorrindo, e percebe que não era real: foi só um sonho. Que pena.
Assim acontece no tempo acordado de viver. 
Momentos tão bons, que você gostaria de poder abraçar com força, e guardar dentro de uma caixinha, com as tais sete chaves. Não acordar nunca mais. Mas você sabe que não pode, eles vão passar. A noite vai acabar.
Momentos tão ruins que você gostaria de abreviar de qualquer jeito, usar um pó de sumiço, fugir para outro lugar. Dar um jeito qualquer, de acordar antes da hora. Mas você sabe que tem que encarar. Também eles vão passar. O dia, às vezes, só demora para chegar.
Já dizia uma música antiga: "tudo passa o tempo todo no mundo. " Nada dura para sempre. Nem o bom. Nem o ruim. É assim. Tudo vive exatamente no tempo que tem que ser. O intervalo de uma noite, o espaço de um dia, um verão. Nem mai, nem menos. Apenas o suficiente.
Só que são justamente os momentos, estes instantes de curta duração, que se juntam no conjunto de nossa memória e constroem os significados. São as peças chave de nossos quebra cabeças intrincados.
E na lembrança, onde fazemos a edição, eles se tornam eternos.
Instantes são os elos desta corrente chamada vida.
Desta vida transitória, por onde também nós passaremos.
Onde também não passamos disso. Nuvem, ou poeira de sonho. Leves, e breves. Passageiros.

Dani Altmayer

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