domingo, 24 de fevereiro de 2013

Onde está meu coração ...

Amanhã recomeçam as aulas do JP. Ele me pediu para ir com ele no primeiro dia, o que achei estranho, visto ele estar a cada dia mais independente. Achei engraçado, mas no fundo gostei. Penso que, afinal, toda  mãe gosta que o filho ainda precise um pouco dela. Uma parte da gente se orgulha de suas conquistas e quer que eles cresçam e ganhem o mundo. Outra parte os quer sempre por perto, debaixo de nossas asas, sob nossa proteção. Esta parte meio irracional, que quer protegê-los de toda a dor, como se fosse possível, crescer sem dor. Esta parte que temos que reprimir a cada momento, procurando a medida certa, e muitas vezes fazendo tudo errado, na gradual e necessária soltura de rédeas. Tão dolorosa, por vezes.
Saber até onde soltar estas cordas a cada instante da vida de um filho, acho que é um dos maiores desafios para os pais. Cuidar sem sufocar. Amar sem cobrar. Educar sem estragar. Orientar sem impôr. Colocar limites sem limitar. Mostrar opções sem eleger caminhos. Falar, mas ouvir. Respeitar individualidades, criatividades, e principalmente escolhas, nos pareçam elas certas ou não. Deixar que lutem suas próprias batalhas, sofram suas próprias decepções, conquistem suas próprias medalhas e méritos, enquanto ficamos na retaguarda, à espera de que voltem, feridos ou vitoriosos. Do jeito que for. Apoiar incondicionalmente, e engolir o "bem que te avisei". Porque por mais que você avise, eles vão fazer do jeito deles, e é assim que tem que ser. E tem sido, desde sempre. Por mais que doa, por mais que a nossa experiência nos faça ver na frente, os passos serão deles. Eles precisam andar por suas próprias pernas, e a gente só pode ficar olhando, como lá naquele dia, agora distante, em que eles aprenderam a caminhar sozinhos. Cambaleantes de início, desafiadores sempre. Nos enchendo de orgulho e medo.
Temos sim, que saber soltar as cordas, todas elas, uma de cada vez, até não restar nenhuma. Porque filho não é marionete. Nem massa de modelar. É gente.
Temos que confiar que as cordas não são mais necessárias, pois ficaram os laços. Laços são muito mais importantes. E são os laços que  nos mantém, para sempre, unidos àqueles que amamos, àqueles que muito mais do que nos dar a vida, nos deixaram viver. Laços de um afeto que tesoura nenhuma desfaz
Amanhã vou com meu filho na escola, sabendo que provavelmente é o último ano em que vou ser requisitada.Mas sabendo também que, por mais que a gente voe para bem longe, por mais que a gente cresça, amadureça,e até envelheça, a gente nunca deixa de precisar. Não totalmente. A gente vai precisar para sempre, voltar para casa de vez em quando. Para o lar. De onde, para falar a verdade, a gente nunca sai completamente.

Dani Altmayer

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