quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Solidão, a praia



Canto de pássaros e o barulho do mar, o sol acordando no horizonte, a praia vazia.
Cheiro do mato molhado pela chuva da noite, e silêncio.
Uma picada de inseto na perna direita, pés descalços, a cabeça vazia.
São seis horas da manhã e mais trinta minutos. Todos dormem.
Os dias são longos, aqui. A noite também.
O tempo tem outro ritmo longe do asfalto.
Ontem a visão de conchinhas na areia me fez chorar. Chorei de saudade de um menino e de uma mulher que costumavam catar estrelas do mar aqui, muitos anos atrás. Eu os vi caminhando ao longe, de mãos dadas, entretidos em conversas intermináveis.
O menino cresceu, viajou. A mulher morreu.
Não adianta, a vida é sempre provisória.
Hoje uma menina ilumina nossos dias feito o sol que se levanta sobre o mar, no momento um pouco escondido por nuvens escuras, o que faz com que a água adquira reflexos prateados. Talvez chova um pouco como ontem pela manhã, antes de fazer muito calor.
Deve fazer muito calor mais tarde, agora não.
Agora só tem passarinho e barulho de mar, tem um pouco de vento e um muito de paz.

Dani Altmayer




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