domingo, 22 de janeiro de 2017

Domingo






O domingo se despede nublado, como convém a um domingo.
A semana se antecipa na agenda que nunca é preenchida, na agenda que não existe, porque há muito foi devolvida. (A cada dia o que é do dia.)
Difícil pensar numa hora dessas, em que a preguiça de uma tarde na rede, essa também inexistente, se impõe na sonolência do final de domingo, agora nublado, e quente.
Um filme na tevê, Woddy Allen dos menores, ainda assim, um livro que finda, outro ao meio, um texto morno sobre verão, para a oficina. (Repleto de falta de inspiração).
A conclusão de que verão é um pouco como o Natal, só tem graça quando a gente é pequeno, e acredita.
Verão só existe quando a segunda não começa nem termina, quando a rede balança na varanda, quando os pés descalços pisam numa areia fria. De resto, não deve ser. Não é verão.
É só um calor que a gente sente.
Domingo é o melhor dia da semana, depois da sexta. E do sábado, talvez das terças.
Porque é dia de fazer de conta que o mundo é isso, nossa casa na praia ou na montanha- com rede. Onde tem filme, tem música, tem livros. Onde vivem os devaneios, as poesias, os ventos. Onde entram aromas, amigos, amores.
Domingo é dia sem pressa, bucólico, quase reverente.
Domingo é dia de ouvir os silêncios que moram com a gente.
( Na falta de um barulho, de mar)
Dani Altmayer

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