terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Como Eu ( Queria)

Filtro de Sonhos- Google Images
De vez em quando eu leio umas coisas que me arrebatam. Coisas que eu gostaria de ter escrito. Quem escreve tem disso. Inveja da escrita alheia.
Queria saber escrever desse jeito, mais visceral.
Queria escrever sem pausas, sem pontos, sem tantas vírgulas.
Gostaria que as minhas frases fossem enormes, dessas que fazem a gente ficar sem fôlego, ao chegar ao final.
Queria ter esta capacidade, de tirar o ar, tirar o chão, de dar um nó.
Porque ler é que nem terapia, ou paixão. Tem que cutucar, incomodar, desacomodar.
Se não inquietar, não funciona. Não serve.
Queria pulsar minha escrita, no ritmo do meu coração atrapalhado, e vulgar.
Queria deixar a emoção transbordar, intacta. Sem máscaras ou enfeites.
Sem medo, como eu (tenho).
Imperfeita e intensa, insana.
Verdadeira e genuína. Como eu (penso).
Dando a cara a tapa, na folha de um papel. Queria escrever em uma folha de papel.
Fazer desenho, num guardanapo usado.
Rascunhado, bagunçado e incongruente. Como eu (estou).
Com a letra feia, trêmula, chorosa. Furiosa ou apaixonada.
Queria que meu grito e minha dor e meu êxtase e meu amor não tivessem filtro, nem temor, nem vergonha, nem pudor.
Que a palavra estivesse nua, e também eu.
Que ela não fosse covarde, como eu (sou)
Queria escrever sem explicar, sem controlar, sem fazer sentido. Porque eu não faço o menor sentido.
Nada faz o menor sentido. Muito menos eu.

Dani Altmayer

3 comentários:

  1. Moça, parabéns. Cada vez que leio o que escreves, me surpreendo. Continua assim, muito bom.

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  2. E eu queria escrever como vc....Quem sabe quando eu crescer? Bjussss

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