segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Amor Bate na Porta

Para entrar em uma casa estranha, você precisa primeiro bater na porta. Receber autorização.
Tem vezes que não vão te deixar, por uma ou outra razão. Ou não vão atender. Porque não tem ninguém em casa. Porque estão ocupados. Estão no banheiro, no chuveiro. A casa está uma bagunça. Porque mal te conhecem. Ou porque não querem visita mesmo. Estão de pijama, na cama, na boa. Sozinhos.
Não interessa o motivo, a verdade é que não é sempre que dá para entrar. Não dá para, simplesmente, chegar. 
É  bom telefonar antes, avisar, checar. Não custa perguntar. E não adianta insistir, se ninguém responder.
Quando a gente conhece uma pessoa, devia ser assim, também. Antes de arrombar o portão, era bom saber porque ele estava tão bem trancado. E ir devagar, cuidado com o cachorro. 
Conversar, ouvir a resposta, conhecer. Avaliar, entender.
Todo mundo tem uma história, uma vida, uma pia cheia de louça. 
Um quarto bagunçado, um coração desarrumado. Um segredo bem guardado. Cada um tem um ritmo, um jeito, um quadrado. Uma verdade.
Nem todo mundo está pronto, com o cabelo penteado, o jantar preparado, a cama perfumada.
Aí tem que saber esperar. Aguardar. A casa por arrumar, o banho por tomar. A porta ser aberta, de livre vontade. Se quiser, se puder. Ou não.
Respeitar o espaço, e não sufocar no abraço. Não ganhar no cansaço. 
Tem flor que morre com excesso de água. O coelho do meu filho morreu por excesso de comida. 
Nem sempre muito é suficiente. Muitas vezes, muito é demais.
Amor rima com educação. E não com presunção. Muito menos com afobação.
Amar é também pedir licença. E ser amado é receber permissão.

Dani Altmayer


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