domingo, 6 de outubro de 2013

Oração

Te quero perfeito, imperfeita que sou.
Falo que tenho fé, que tudo vai se ajeitar, que o que tiver que ser será. E tenho medo da minha sombra.
Digo que amo, que amo muito, mas não sei amar sem esperar. E para mim, isso não é amar.
Grito que me importo, mas fecho os olhos para não ver alguém chorar.
Canto uma música, leio uma história, cito coisas, recito. E tapo os ouvidos para não ter que escutar.
Escuto, mas não ouço. Não entendo. Mudo o significado, se me convém.
Peço, muito, peço errado, peço assim. Peço para mim. E nem sei aceitar.
Porque fui ensinada, agradeço. Obrigada, sim. Mas não reconheço.
Todas as linhas tortas por onde escreves, onde vivo a me equilibrar.
Onde tropeço, tantas vezes, e te troco por um osso, uma cachaça, uma droga qualquer. Sou vira latas assumida, faminta e carente. Infiel.
Você me dá um pouco, dá muito, e tira um tanto. Tem seus motivos. Você me leva para dançar. Convida para brigar. Eu avanço e recuo, sem saber onde tocar.
Você me mostra um milhão de razões para acreditar.
Mas basta uma só, e eu volto a duvidar.
Se me deito em teus braços, tenho paz. Tenho lar. Se abres teus braços, fico braba, me deixo escapar.
Te dou tantos nomes, te chamo de tudo, nenhum satisfaz. Nenhum me seduz.
Tenho mil perguntas a fazer. São tantos porquês.
No entanto, eu sei. Você não vai me dizer. Tem este jeito estranho, indireto, sutil, de não responder. De mostrar sem falar, o que preciso saber.
Nem sempre eu consigo enxergar, e peço perdão. Por desconfiar.
Na luz é fácil te ver. No sol, na cor, no calor do verão.
O problema é na sombra. Não vejo bem, no escuro. Quando é inverno, e faz frio, mal consigo lembrar.
Quando a noite demora, tenho dor. Onde está você, então?
Te procuro nas ruas, calçadas e becos. Te procuro na gente. Nas coisas do mundo, e de fora daqui. Te acho, me acho, me perco. Te perco, admito.
Sou inconstante, te quero e me afasto. Te busco aos pedaços. Tapo buracos com purpurina.
São muitos os furos, e eles nunca terminam.
Sou insistente, entretanto. Há tempos te amo. Amigo, desculpa o mal jeito, este amar imperfeito. Este amor que espera. Amor não espera.
Mas sou persistente, não vou desistir. Hei de aprender.
Aqui, ali, você está em todo lugar. Onipresente.
No fundo, eu já sei. Você nunca falhou. Eu, sim.
Te persigo bem longe, em desvios, atalhos. À toa.
Você já mora comigo. Alento, atento. No silêncio profundo.
Na prece que não sei dizer.
No poema que teimo em escrever.
No ar que sorrio. Na inspiração.
Em qualquer vão. Lá fora, aqui dentro.
Em tudo, em todos, em mim. Enfim.

Dani Altmayer



3 comentários:

  1. Ele já te deixou todas (ou quase) todas as respostas...é só ler Aquele Livro que Ele nos deixou com tanto carinho...e o nome Dele, é Jesus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.Quem crer Nele terá a vida eterna. Basta aceitar tanta simplicidade e tanto amor. Beijo de quem quer MUITO te ver na eternidade...

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