domingo, 6 de janeiro de 2013

Areia e mar



Acabo de voltar de uma caminhada na praia.
A praia estava quase deserta, exceto pelos muitos surfistas no mar. É uma área de preservação ambiental e tem muitas dunas. O mar é violento, imprevisível, e lindo. Tudo é de uma beleza praticamente intocada. Não há quiosques, horrorosas cadeiras de plástico amarelo, e nenhum vendedor ambulante. Há sim um silêncio enorme, só quebrado pelo barulho das ondas, os gritos das gaivotas e o canto de outros pássaros que não sei identificar. Para chegar na praia, existe uma pequena trilha, onde já encontrei alguns macaquinhos.
Há vida ali, muita vida. Há paz e sossego. Areia e mar.
Escrevo sentada no jardim, com o pé na grama. Uma borboleta amarela voa ao meu redor enquanto os passarinhos cantam. Tem muitos pássaros aqui, são eles que me acordam todo dia ao amanhecer. Tem cachorros também, nas casas ao lado. E eles latem bastante. Não fosse este detalhe, a quietude seria quase absoluta.
Tudo bem, agora o vizinho está tocando Raul Seixas... e viva a sociedade alternativa! Viva, mas na maior parte do tempo, nada, nem carro, nem música alta, nada se ouve além da cantoria das aves e do rumor do mar lá no fundo. Nada, nem pensamento, consegue quebrar esta harmonia.
Só uma paz, o sossego, a areia e o mar.
Tudo a um tempo próprio, lento, natural. Chinelo e pé no chão. Banhos de chuva. Chove a toda hora, e faz sol também, tem muitas nuvens nesta ilha. Mas nada perturba esse momento, nem mesmo a chuva fina que, de tão comum, já se tornou parte de tudo por aqui. Fico pensando que cada ano deveria começar assim. Nessa calmaria intermitente. Como uma espécie de renovação, de limpeza da mente, da alma, do coração. Uma preparação para o que está por vir. A amostra grátis de uma vida simples, de um estilo de vida que não é o meu, mas poderia ser. Quisera que fosse, gostaria que fosse.
O dono da casa onde estamos é artista plástico, tem coisas incríveis por todo o lado. Me pego pensando em como seria poder viver assim, nessa simplicidade, trabalhando em casa, caminhando na praia todo dia, e vivendo da minha arte e criação. Como seria despertar na alvorada com o canto das aves, o dia clareando aos poucos, e ir dormir sob um céu de estrelas, respeitando um tempo que não é o do relógio.
Só que essa não é a minha vida. São as minhas férias. E como passageira, saboreio esse instante ao máximo. Essa pausa, tão necessária e revigorante, o repouso. O remanso. Aproveito para recarregar baterias e sonhos. Ou nem isso: me deixo viver, simplesmente.
Espero levar, na volta, um pouco da areia e do mar.
E um muito do sossego dessa paz.

Daniela Altmayer

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