domingo, 20 de maio de 2012

Vazio

Aí você chega em casa. Vai abrir a porta e nada. Nenhuma sombra te espera. Você entra com as compras e tudo é silêncio e quietude.Nada se mexe. Ninguém vem ao seu encontro. Você olha em volta, procurando. Vê a máquina de lavar roupa, tão solitária e desabitada, e as lágrimas começam a escorrer. Você vai guardando tudo, e não precisa se preocupar em deixar nada  em cima da mesa ou balcão. Ninguém vai pegar. Você sente dor. Você olha os cantinhos à procura de um outro olhar. Nada. Vazio. No chão da cozinha ainda estão os potinhos de comida. Tão tristes. No quartinho, o gato de pelúcia meio destruído, muito parecido, companheiro de tantas madrugadas. Abandonado.Você sente saudade. Saudade doída, definitiva, implacável. Você lembra de algo, e sorri. Sorri, no meio das lágrimas, porque são muitas lembranças doces. Você se culpa. Você sabe que não tem culpa. Você sente dor.
Hoje a casa ficou sem dono. Está triste, muito triste. Amanhã volta o outro pequeno morador. Ele também vai sentir falta. Todos vamos.Nossa pequena família. Dizer adeus, mais uma vez, dói. E ainda vai levar um tempo. Para que as lembranças não causem dor. Para cicatrizar a dor desta ausência.  Para que todos os pêlos desapareçam. Descansa em paz, Napoleão. Você foi um lindo presente.

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