quarta-feira, 23 de maio de 2012

As quatro estações da alma

As árvores da Redenção estão com aquela cor meio dourada, meio alaranjada, típica desta época do ano. Apesar deste outono  estar atípico, com pouca chuva e quase nada de frio. Outono. Meia estação. Bela estação. Me faz pensar: se existe algo chamado inverno da alma, não teríamos também um outono da alma? Uma primavera? Um verão? Todas as estações da alma? Todas nossas variações de humor, representadas nas quatro estações do ano.
Verão: calor, sol, dias mais longos, noites mais curtas. Convite para a alegria, para a festa, para pouca roupa.Vida para fora. Paixão. Euforia.
Inverno: noites longas, dias curtos e chuvosos. Frio. Uma tristeza. Um recolhimento. Vida para dentro.
Primavera e outono: estações intermediárias. Temperaturas amenas, agradáveis. Transição. Nem tão para dentro nem tão para fora. Equilíbrio.
Bom se púdessemos viver sempre no outono ou primavera. Equilibrados, tranquilos e amenos. Felizes. Sem ter que suportar o calorão de um verão sem praia, sem sofrer paixões doentes, que nos tiram o chão e a razão. Sem ter que suportar o frio congelante, que penetra na roupa e na alma, da tristeza que paralisa e aprisiona. Bom? Tão prevísivel, tão tudo igual. Bom de verdade? Seria mesmo?
 Como seriam nossas vidas se não existissem os extremos de temperatura e humor? Sem a sensação de dias maiores, mais alegres, sem um banho de mar ou uma caminhada na areia? Uma conversa jogada fora, sem pressa, com preguiça. Sem uma paquera gostosa, um amor sensual? Sem um tesão enlouquecedor?
Como seriam nossas vidas sem as noites longas de inverno, que convidam a ficar em casa,  conviver com a família, a olhar para dentro de si? Olhar para o outro, e conhecer, de verdade. Aprofundar laços e amores. Tomar um vinho e dormir juntinho?
Não. Não podemos estar no meio sempre, as pontas são  fundamentais. Equilíbrio é bom, mas  ótimo é morrer de tanto rir, quebrar tabus e soltar os bichos. Se apaixonar perdidamente. Equilíbrio é bom, mas necessário é ir lá no fundo, deprimir mesmo, chorar um balde, ou vários.Sentir o vazio. Crescer.E renascer na outra primavera.
Porque somos assim. Alternâncias. Feitos de verões e invernos, alguns outonos e tantas primaveras. Estações que se revezam na alma da gente. O tempo todo. Em um mesmo dia. Em um só minuto. Ou ainda, tudo junto e ao mesmo tempo, como na TPM. Loucos, equilibrados e imprevisíveis. Tão difíceis de entender quanto alguns boletins meteorológicos.

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