sábado, 14 de outubro de 2017

Sons


Chove em Porto Alegre, e para.
Ecos de trovões exigentes precedem o aguaceiro. Chove e para.
Quando para, o canto insistente dos pássaros  atravessa o nublado do céu. O ronco de um motor desregulado abafa a música passarinhal.
Carros são a anti-poesia, realidade concreta e crua.
Sinto falta dos sapos do Cassino, daquele lamento triste que vinha do jardim molhado.
O cheiro da grama brilhando na noite escura, a sinfonia dos grilos- uma breve melancolia.
Chove em Porto Alegre e quando para, o som seco do cimento é quase silêncio.
Exceto pelos passarinhos.
Só os pássaros resistem, a intervalos de chuva.

Daniela Altmayer

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