quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Engrenagem




Na confusão do tempo,se ontem era agora.
A eternidade de um sentimento se demora.
As pernas, entrelaçadas, se reconhecem, antecipam os braços, adivinham o beijo.
Para depois, perderem-se no abraço.
Em bocas, em pelos, cabelos. Sorrisos e cheiros.
Em gosto, no gozo. Agosto.
No encaixe, perfeito. Exato.
Há tanto esperado.
Meu peito em teu peito derramado.
Exposto.
A ponte sobre o abismo.
O tic tac das horas confundem as batidas, e o tempo recria o tempo.
Como um relógio suíço, onde a hora é sempre a certa.
Talvez inventada.
E o tempo parece que para, num infindável instante.
Enquanto por fim, percorres com os dedos meu rosto.
E me decifras inteira, traçando linhas suaves, e ternas.
Enquanto descobres meu corpo, me perco. De novo.
Neste amor imperfeito, eterno.
Na confusão de um tempo, que foi ontem.
Onde tudo se encaixa. Na precisão de um agora.

Dani Altmayer

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