terça-feira, 4 de junho de 2013

Angústia

Não sei o que está acontecendo. Não consigo respirar. Quer dizer, consigo, mas mal. Estou respirando mal. O ar não chega nos meus pulmões. Quer dizer, chega, mas chega mal. O ar mal consegue passar pelas minhas narinas, acho que estão inchadas. Mas acaba passando. Mal, mas passa. O problema é quando chega lá. Nos pulmões. Mal consigo respirar. Meus pulmões não se enchem direito. Não se expandem, nem esvaziam. É como se uma barra de ferro estivesse me oprimindo o peito. Como se as quatro paredes de um cubículo estivessem se fechando sobre mim, como acontece nos filmes. Como se estas paredes deixassem só um mínimo espaço. Um espaço de sobrevivência.O que é uma sacanagem. Melhor seria se as paredes se fechassem logo. De uma vez por todas. Porque neste espaço mal dá para respirar. Mas dá. Respiro mal. Apertada. É isso, estou sendo apertada. Me sinto sufocada. Este ar, também. É muito esquisito. O ar é pesado. Úmido. Quase palpável. Nojento. Difícil de inalar, espesso. Melhor seria não ter nenhum ar. Do que este ar. Nenhum espaço. Não dá para chamar isso de espaço. Nem posso gritar. Não consigo. Meus pulmões não expandem. Meu peito mal se mexe. Nem adianta gritar, eu acho. As paredes são à prova de som, tenho quase certeza. Devem ser. Não sei o que está acontecendo. Que lugar é este. Só sei que respiro,  mas muito mal. Vontade de suspirar. Nem isso eu posso. Nem isso. Não consigo. E se eu nunca mais conseguir suspirar? Eu adoro suspirar. Engraçado. Não tenho medo de morrer aqui. Quase tenho é medo de sair daqui. E tenho medo de me acostumar. A mal respirar. Nunca mais gritar. E nem suspirar. Nem nada.

Dani Altmayer

2 comentários:

  1. Por favor, respire! Faça o que a yoga lhe ensinou. É só olhar para dentro de si. Escutar uma música ou ler um capítulo de um livro, ou ainda, aumentar a carga de exercícios. Quem sabe, escrever outro texto.

    ResponderExcluir