quarta-feira, 26 de junho de 2013

Palavra Que Eu Entendo

Palavra enfeita a mesa, não mata fome. Fome se mata no abraço.

Palavra é disfarce, arremedo. É tempero, cheiro verde, noz moscada.

É gostoso. Condimento, um quê de de sentimento, uma pitada de emoção.

Finalização. Inicialização. Potencialização.

Mas não é tudo, é quase nada. E mesmo nada, quando é tudo.

Na palavra, cabe muito. Cabe mundo.

A palavra acalenta, ensurdece. Acalma e enlouquece.

Se registrada, danou-se. Nunca esquece.

Palavra sobra, às vezes. E, faz falta, tantas vezes.

É prova de nada, de coisa nenhuma.

Jogo de verdade e consequência.

Ficção, ou biografia. Difícil decisão.

É apego, afago. Sossego, ilusão.

Martela a cabeça, aperta no peito.

Toca, no violão.

Justifica, explica, enquadra.

Procura, tenta, significa.

É em vão, e também não.

É por modos, até maldade.

Mas também consolação.

Tudo dito, agora não tem mais jeito.

Chega bem perto, e não fala.

Cala a boca, e não demora.

Desta busca, inquietante, incessante,

A palavra é só um instante.

O silêncio do teu beijo, eternidade.

  Dani Altmayer

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