Palavra enfeita a mesa, não mata fome. Fome se mata no abraço.
Palavra é disfarce, arremedo. É tempero, cheiro verde, noz moscada.
É gostoso. Condimento, um quê de de sentimento, uma pitada de emoção.
Finalização. Inicialização. Potencialização.
Mas não é tudo, é quase nada. E mesmo nada, quando é tudo.
Na palavra, cabe muito. Cabe mundo.
A palavra acalenta, ensurdece. Acalma e enlouquece.
Se registrada, danou-se. Nunca esquece.
Palavra sobra, às vezes. E, faz falta, tantas vezes.
É prova de nada, de coisa nenhuma.
Jogo de verdade e consequência.
Ficção, ou biografia. Difícil decisão.
É apego, afago. Sossego, ilusão.
Martela a cabeça, aperta no peito.
Toca, no violão.
Justifica, explica, enquadra.
Procura, tenta, significa.
É em vão, e também não.
É por modos, até maldade.
Mas também consolação.
Tudo dito, agora não tem mais jeito.
Chega bem perto, e não fala.
Cala a boca, e não demora.
Desta busca, inquietante, incessante,
A palavra é só um instante.
O silêncio do teu beijo, eternidade.
Dani Altmayer
Que lindo!
ResponderExcluirUau!
ResponderExcluirMuito belo!