domingo, 25 de outubro de 2020

Há uma angústia dançando no ar








Todos os dias à tal hora em ponto

silenciosa ela me abraça por trás
segura nas mãos meus seios
me aperta até eu quase sufocar

o nó na garganta arranha a tinta
os azulejos os olhos marejam
com saudades dum certo mar
o sal das lágrimas que engulo
encheria um pote até aqui de mágoa

qualquer desatenção é um nome qualquer destes tempos

quando o cansaço dos dias é maior
quando o som surdo vence a barreira
dos silêncios
quando desmaiam as esperanças enfim

são estas vozes que restam as músicas que se confundem e
é sempre este tolo coração à espera
de uma gota d'água que
não vem porque

aprendi a me virar sozinha
e meu grito ecoa
nas fronhas do meu travesseiro

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