quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Vista para lugar nenhum ( ou apenas outro poema sem nome)



a porta trancada por fora
uma janela grudada
no muro
o vidro imundo 
opaco

a poeira dos dias
o cinza das manhãs
a fresta de luz na soleira
em outros vãos
nalgum outro lugar
deve haver sol

o sofá de dois lugares
as migalhas na mesa
os pratos sujos na pia
a pilha de coisas 
as contas as desfeitas
a cama desarrumada
estreita

o som agudo da tevê
um cachorro ao longe
tua voz dizendo nadas
e aquela maldita porta 
trancada


Daniela Altmayer
( exercício para a oficina de poesia, "coisificar" um sentimento- não dizer)


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