domingo, 9 de dezembro de 2018

histórias de consultório




Homem, 62 anos.
- Tenho essa dor na barriga, uma pontada, e meu intestino funciona mal.
- Tem que ver um procto, fazer col...
Me interrompe:
- Já fui duas vezes na dra X.(proctologista)
- Ela não te pediu uma colonoscopia? Depois de uma certa idade...
- Pediu. Eu que não fiz, nem vou fazer. Deve ser gases. Eu só quero saber uma coisa da senhora: não pode ser câncer isso, né? 
Deixa eu consultar as cartas, já te digo

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Minhas pacientes me deixam confusa.
Outro dia, conversando com uma delas (60 anos), explicando algo que acontece depois de uma certa idade, e sempre me incluo, usando frases com o pronome nós. Nós mulheres, nós depois da tal certa idade, nós que somos mãe, nós que trabalhamos, etc.
Aí ela me interrompe e pergunta quantos anos eu tenho. Arredondo para 50, porque né, facilita.
Ela me olha com atenção e um pouco de pena, e diz:
- Ah, é que tu aparenta porque é clarinha.Tenho dez anos mais que tu, mas sou morena. Uma vantagem.
Corta para a paciente de hoje. Oitenta anos de vida. Me chama de tu, depois de senhora, pode me chamar de tu, claro, tu poderia ser minha neta, quantos anos a senh...tu tem? Não arredondo porque, né. Não foi bom da outra vez. Tenho 49. Faz cara de chocada:
- QUARENTA E NOVE???? Mas olha só, a senh... tu pode mentir que tem a metade disso, fácil fácil. Parece uma guriazinha.
Moral da história: não tem.
Cada um ache o que quiser

Daniela Altmayer

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