domingo, 2 de julho de 2017

Clima bem bom


Regata, camiseta, moletom. Calça, meia, polaina.
Casaco grosso. Capacete.
Um protetor para o pescoço que tapa as orelhas e chega até o nariz, te deixando com cara de bandido de filme de faroeste.
Sete graus. (Na beira do rio baixa para quatro). Muitas nuvens, um sol envergonhado, não tem vento. Era só o que faltava.
Tira o casaco, corpo suado, mão gelada. 
Aquele papo de mão fria, coração quente: papo furado. 
Esfria, bota o casaco. Sol espia por entre as nuvens, faz cócegas na ponta do nariz e se esconde de novo. 
Esquenta.
Tira o casaco. Amarra na cintura. Uma chuva molha-bobo vinda sabe-se lá de onde embaça os óculos escuros.
Chove e faz sol, e não tem arco-íris.
Faz frio e calor, e a gente pedala.
Um passa correndo de casacão de náilon e bermuda. Outra exibe as costas tatuadas. Uma menina anda toda encasacada. Gorro e cachecol. Luva e regata. Poncho e bombacha. Um pouco de tudo, mas chinelo não vi.
O sol dá as caras, espantando de vez a intrusa fora de hora. Esquenta.
Na volta faz nove graus por fora e a chuva parou. Por dentro o termômetro marca trinta graus à sombra, depois da lomba.
A estética do frio domina. E determina:
Elegância não é prioridade.
Dez graus em pleno meio do dia. Esfria.
Bota o casaco, definitivamente.

Dani Altmayer

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