E tudo muda, mesmo. O tempo todo. Todo mundo. No mundo, lá fora. No mundo aqui dentro.
É natural.
"Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor."
Metamorfose ambulante, sim. Por que não?
Uma verdade é derrubada a cada instante, uma história é modificada a cada segundo, porque a vida é isso: fluxo, correnteza e troca de estação.
Uma nova informação, o batucar de uma caneta, a mudança de um móvel do lugar.
A escolha deste, e não daquele. Vestido, caminho, amor.
Um desencontro, um mal entendido, um resgate.
A semente que se plantou, a que se regou, a que se perdeu.
Uma flor que nasceu nas pedras, só porque o vento carregou o grão.
Uma flor que vingou, contra todas as evidências.
Para um sonho que fracassou, outro se realizou. Outro ainda, de repente, se acabou .
Tudo passa. Muda de sentido. Tudo se transforma.
Coisas acontecem o tempo todo, coisas que fogem ao nosso controle.
E o controle é nossa grande, imensa, perdida ilusão.
O apego, nosso doce e ledo engano. Um fantasma camarada, delírio, alucinação.
Se cada evento modifica o outro. Se para toda ação há uma reação. Se ela nem sempre é previsível.
Nada pode ser insignificante, ou definitivo.
É o efeito borboleta, a teoria do caos, um bater suave de asas, um furacão. Ordem e desordem.
Hoje sim, amanhã talvez, um belo dia não. E vice versa.
Para sempre é um lugar que não existe.
O que existe é alternativa e adaptação. Atenção e renovação, constantes. Dos votos, das certezas, da direção.
É preciso saber que no "balanço das horas tudo pode mudar." E, mesmo que tenha sol agora, e tem, e mesmo que você saiba a previsão, e acredite, não custa levar um guarda chuva na bolsa. Por precaução.
Não dá para confiar nas borboletas.
E olha, quanto sofrimento poderia ser evitado.
Se não construíssemos tantas prisões com os tijolos de nossa rigidez.
Tantos muros feitos de nossa inquestionável razão.
Quanto sofrimento seria evitado.
Se não houvesse nunca, em hipótese alguma.
Nenhuma opinião formada sobre nada.
E, se, acima de tudo, a gente não se importasse de voar no vento. Quando ventasse.
Ou de dançar na chuva, de vez em quando.
Quando chovesse.
Dani Altmayer
O que existe é alternativa e adaptação. Verdade, e como a gente se adapta. É a dor nos ensinando a gemer.
ResponderExcluirAdorei teu texto.
Obrigada, querida!
ExcluirNada, nunca está sob controle. Enquanto houver borboletas, ao menos. ;)
Profundamente lindo...sempre me inspiro com tuas palavras...escreves muito bem.Parabéns.
ResponderExcluirObrigada, Marciane.
ExcluirÉ tão bom ler isso. :) Um beijo
Adorável Dani!
ResponderExcluirAdorável Dani, amada Dani, eterna Dani!
ResponderExcluirSem querer acabei de ler teu texto!
ResponderExcluirJamais poderia imaginar qual extraordinária escritora tu te tornaste.
Escreves com tua alma. Um fiel retrato de ti.
Fiquei emocionado. Parabéns.
Obrigada, Fernando. :)
ExcluirBeijo
Lindo! parabéns :D
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