domingo, 14 de maio de 2017

Momento



A sala está ensolarada. Sento no sofá puído e fico espiando por um recorte na janela as nuvens que pintam o céu depois da chuva. Na frente do meu prédio tem uma árvore calma cujos galhos se debruçam sobre a calçada e formam uma moldura para o azul.
É domingo, faz silêncio.
Os lírios no vaso em cima do aparador exalam um perfume suave.
Olho em volta, é bom estar aqui.
A casa precisa de reformas, os móveis estão gastos pelo uso e pelo tempo. Volta e meia o tempo precisa ser arrumado: muita coisa se acumula. Um pouco já fiz, dois sacos de papéis vão encontrar melhor destino que o fundo das minhas gavetas.
Achei esse desenho horrível do meu filho, lindo aos sete anos. Guardei.
Olhei fotos antigas, livros sem palavras: perigo de me deixar levar pela nostalgia.
Tem muita coisa a fazer ainda. Só que não agora. Não há pressa, outros domingos virão.
Do resto sinto uma preguiça boa.
E essa vontade de perder meus pensamentos. Mas tem vento, fecho a janela.
Não quero que voem. Hoje não.

Dani Altmayer

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