sábado, 15 de agosto de 2015

Papo de consultório




Dona A. tem 83 anos, é viúva há muito tempo e não deve medir mais do que 1,40 m. de altura. Magrinha, pequena e falante, é a sua segunda consulta comigo. Vem para mostrar exames.
Ela queria meu telefone, "gostei tanto da senhora, doutora." E explica da importância de se gostar do médico, tendo em vista os planos que ela tem de ainda viver por muitos e muitos anos. "Meus filhos me querem viva por muito tempo, perderam o pai cedo. E eu gosto de viver, sabe doutora. Faço academia, me cuido, me alimento bem."
A cabeça está ótima, e a vida é boa.
No final da consulta, querendo brincar com ela, eu pergunto:
- E os namorados? ( Imaginando um jogo de bingo, um baile de terceira idade, confesso).
Ela, bem ligeira:
- Eu gosto muito de trepar, doutora! Adoro.
(Assim, bem assim. Juro!)
Diante da minha cara de espanto, conta que tem um namorado da mesma idade que ela, e que é casado, graças a Deus. "Fico só com a parte boa, doutora. "
- E funciona bem, dona A? ( Querendo saber em geral)
Ela, bem feliz ( e específica):
- Comigo ele nunca falhou! 
É, dona A. É bom quebrar tabus. A vida é boa.
E a vida só acaba quando termina.

Dani Altmayer

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