quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Viva a impermanência




Se a vida fosse mesmo um quebra cabeças gigante, seria um presente que ganhamos sem a caixa.
Não vem com o modelo, nem com as regras para copiar.
E, ou não vem com todas as peças, ou é a gente que as perde com o tempo, sei lá.
O meu, a minha, é cheia de buracos, está sempre faltando pedaços, sobrando saudades, desejos, vontades.
Talvez porque eu não saiba guardar, ou cuidar.
Quando completo uma parte, vem sempre alguém ou um vento, e espalha tudo, desfaz o trabalho, e é de novo a hora de reconstruir.
Quando a gente pensa, ufa, está pronto, não, nunca está.
Se a vida fosse um castelo, minha casa seria de areia, e não de tijolos.
Tijolos constroem muros, prisões, e aparam os ventos, mas não furacões.
A areia se pode moldar.
Mesmo se uma criança destruir, ou uma onda levar.
Deixa, isso é poesia… a criança a sorrir.
A maré a subir… a baixar.
É a vida, que leva e traz, infinita enquanto durar.
Nada fica para sempre, não mesmo.
Nenhuma certeza, nenhuma garantia.
Difícil é o que ela exige de mim, todo dia, esse constante desapegar.
Porque é tudo quase uma brincadeira. Mesmo que não se queira.
É tudo feito de surpresas, que às vezes são boas, tantas vezes são más.
Pode ser feia ou bonita, essa vida bendita.
Tanto faz. É feia e bonita, e boa, e má.
Mas nunca maldita.
Independe de sorte ou azar.
É só essa coisa que não se consegue controlar, menos ainda definir.
Se a vida fosse um jogo, seria jogo de paciência e verdade.
E é do jogo, a alternância. Perder e ganhar.
Mesmo faltando ( ou sobrando ) peças, é da vida, esse eterno desmanchar.
Para depois, mais uma vez, e(ternamente) recomeçar.


Dani Altmayer

Um comentário: