terça-feira, 16 de julho de 2013

Banho de Chuva


A menina, de galochas, toma seu primeiro banho de chuva.
Extasiada, com as mãozinhas em concha, tenta segurar a água que cai do céu, quentinha, sobre a sua cabeça.
Em vão. A água fica um pouco, forma uma pocinha na palma da sua mão, depois escorre por entre os dedos e some na terra úmida. Sugada pelo solo, sedento.
Ela quer segurar o momento, tão grande o prazer. Sem saber que a água, como tudo que vem do céu, não fica para sempre na mão da gente. Não dá para reter algo tão precioso.
A água está sempre de passagem.
Quando eu olho para você, me sinto como a garotinha tentando segurar a chuva.
Eu sei que não dá, mas tento mesmo assim. Gosto de sentir a pocinha, de deixar a água escorrer pelos dedos, pelo corpo, pelos cabelos. Gosto de abrir a boca, e beber, até me afogar de você, e saciar, minha língua e meus olhos.
Quando tenho você, eu sou a mão em concha, e também o solo, sempre com sede. Sou por onde você corre, molha, e penetra. Depois evapora. Sou a terra, e você é a água.
Quando estou com você, sou aquela menina. Brincando na chuva.

Dani Altmayer

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