domingo, 4 de setembro de 2022

Janelas



Ter uma janela por onde entra o dia.

O sol me beija a nuca, amenizando o ar frio do inverno que se despede ali adiante. Mais um plantão numa manhã de domingo.
O último ou o primeiro dia de uma semana sem intervalos, a falta que faz um pouco de silêncio e ócio, sinto saudade das palavras extraviadas nas horas produtivas que se acumulam feito a poeira do tempo, faz tempo que não escrevo, nem tento.
A cigarra não entende a formiga, e vice-versa.
Minha poesia está na pilha dos boletos a vencer, no mês de setembro que tem ainda os duzentos anos, uma revolução fracassada e o início da primavera. Em menos de trinta dias uma esperança que se renova, tenho fé na primeira volta, até o final do ano uma mudança que não era prevista, como não são previstas tantas e tão importantes mudanças.
E o ano que começou ontem, termina amanhã, no intervalo acho que fomos felizes.
Ao fim das contas, pelo inusitado da vida, só peço que não nos falte uma janela por onde o sol possa entrar, a casa das palavras de portas abertas, uma sacada com rede e um lugarzinho de paz que seja parecido com lar.
Lugar qualquer onde a saudade não tenha mais vez, apesar da imensa saudade que havemos de ter.

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