sábado, 1 de maio de 2021

O pulso ainda pulsa


 O pulso ainda pulsa 


Pulsão de vida
Eros adoeceu
na pandemia

morre um pouco a cada dia
mas Eros não está morto ainda
ele resiste com ajuda de aparelhos

no oxigênio da tua cantiga
no sonho de açúcar e canela
no balcão de vidro duma paixão
indecente

no toque sutil dos afetos
no tom exato da tua pele
no perfume de rosas ganhadas
gargalhadas esquecidas
na gaveta das meias

poesia dormente
rasgada
sem par

Eros respira
atormentado
adormecido
adoentado

quase sufocado

na força do ódio que destrói coisas belas
nas feias fumaças apagando as estrelas
nos leitos nos peitos apertados de medo

asfixia descaso desalento e desgosto
esta gente feia que não suporta o tesão
essa gente má

mas
pode demorar
mas pode apostar

Tanatos não vencerá seu oposto
não existe adversário mais bonito
ou mais potente

que o Amor

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