terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Vê se não vai demorar

 






Para não dizer que não falei das flores, em meio a tantas dores, eles pensam que a maré vai e nunca volta, olha a voz que nos resta, vem, vamos embora, esperar não é viver, quem sabe faz a hora, mas quem sabe o quê, se as rosas não falam, se as narrativas nos calam, confundem, nos batem com suas botas sujas de lama de medo, Terra, o que fizemos contigo, nossa casa, nós os errantes navegantes, predadores de teu glorioso esplendor, gente é outra alegria canta o poeta, ele está errado e certo, o homem é o lobo do homem, poesia é o que nos resta para passar para o outro lado, a travessia deste ano inesquecível, mascarado, marcado, que não termina por decreto do tempo, este senhor tão bonito, compositor de destinos, o tempo que ficou suspenso e não, viver e não ter a vergonha de não estar feliz, nós os eternos aprendizes de uma lição que nunca será ensinada, somos uma gota ou mistério profundo, sabe lá, sabemos quase nada e podemos tão pouco, sozinhos, juntos podemos tanto, não tudo, farol na escuridão,  lanterna dos afogados, há uma luz no fim do túnel, porque a vida é curta e a noite pode ainda ser longa, mas sempre haverá um nascer do sol, enquanto houver sopro. Enquanto houver sol, haverá de existir um caminho. Basta poder se ajudar.



Não é verdade que não aprendemos nada, não.
A gente este ano aprendeu a fazer pão, a lavar a mão, a ser doação.
A gente aprendeu a parar e ficar por dentro, a buscar novas formas de encontro, a ser mais atento. Mais alento.

Foi um ano desafiador, e eu agradeço a todos que estiveram comigo neste 2020.
Deixo aqui minha homenagem e minha gratidão especial para os meus amigos e queridos colegas que trabalham na área da saúde, todos sem distinção. Vocês são mais que heróis, são super.
Só quem estava ali, dia após dia, sabe.
Obrigada por, mesmo cansados, não desistirem nunca.
Que venha um bom ano, um ano melhor.
Para toda a humanidade.

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