sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Tu, por acaso




Já não sei se és oásis ou miragem, por tantos anos andei vagando, ímpar, perdida nesse deserto sem saber, uma estranha entre estranhos; agora te descubro sem procurar, par por acaso, mato a sede em tua saliva, bebo tua areia feito água, sacio a fome no teu corpo que me queima, me come, me consome; tu me abres inteira e em partes, depois me devolves intacta, insaciável, pétalas de mim; ao meio dessa interminável incrível viagem, te descubro, me descubro, ser sensível, fêmea, puta, mulher tardia, esqueço do deserto, derramada em teus braços fortes; por acaso oásis ou miragem, tanto faz,somos dois, entrelaçados numa única, úmida, árida planície nua.
Já não me importa se és miragem ou oásis.
És. Sou.Tua.
Só uma pergunta que não ousaria ainda me resta, tênue feito nuvem que ora voa longe, também já não importa se faz calor, se tem sol, se vai chover nesse dia.
A pergunta que eu não te faria- se tu pudesses me amar, amaria?

Daniela Altmayer
( texto de janeiro- 2017)

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