terça-feira, 25 de abril de 2017

O não amor mais bonito



Sem me amar, você me permitiu conhecer o amor como eu sempre acreditei que era para ser:
Um amor livre, de aceitação e acolhimento, um amor que admira e respeita, um amor que escuta e enxerga. 
Um amor que usa todos os sentidos, do corpo e do espírito.
Sem me amar, você me deu coragem.
Você me permitiu a entrega. E eu entreguei a você não o meu melhor, mas tudo que eu era. 
Em cada beijo, em cada gozo, em cada riso. Em cada descoberta, foram tantas.
Você me permitiu ser, tanto.
Toda hora sinto vontade de te falar. De te contar uma história, tenho até colecionado algumas. A vontade vem como uma ânsia, "ah, ele ia gostar de saber disso."
E eu me calo, engulo. Resignada.
Minha voz anda rouca de palavras engasgadas.
De vez em quando ainda choro. Como quando ouvi a música do Chico, e lembrei do teu sapato pisando a minha sandália no tapete da sala, numa tarde quente de verão.
Quem, se não você, poderia entender?
Outro dia tinha que escrever um texto e não conseguia. Só saiu bom quando escrevi para você. (E olha que coisa, você nem vai ler). 
Quando eu me sentia perdida e pequena, tantas vezes teu abraço grande me devolveu ao tamanho certo. Todas as vezes. (Era ali que eu me derretia, me moldava, me fundia.)
E quando eu tinha o tamanho certo, nosso encaixe era daquele jeito que você sabe. 
Perfeito.
Precisava te dizer isso hoje, só isso: obrigada. 
Porque você não me amou do jeito mais lindo e mais raro desse mundo.
E eu te amei do único jeito que eu sabia:
Com toda essa minha pouca poesia.
 Muito.

Dani Altmayer




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