domingo, 20 de setembro de 2015

Palavras apenas




Substantivo e verbo.
De que vale um, sem o outro?

Você fala da vida como se ela fosse uma entidade, e não algo que está acontecendo.
Agora, gerúndio, no presente contínuo.
De que vale uma vida, se não for para viver?

Você fala do tempo, sem saber que seu verbo é voar.
De que vale um tempo, um suspiro, os dias,
Se não houver pelo que suspirar?

Você fala do amor como se soubesse o que é,
Amor não é outra coisa senão amar, e amar é outra coisa.
( É mais, muito mais que desejar.)
De que vale o amor, se você não sabe amar?

É feito ter olhos e não poder ver.
Ter livros e não saber ler.
Ganhar um presente e não o abrir.
É ter uma chance, e não arriscar.
Ganhar um milhão, e não viajar.
É fazer a viagem, e não entender.

É feito ter saudade de si mesmo,
É não ser, não estar, em todo lugar.

Você só sabe falar.

Objeto sem o sujeito.
Sujeito sem o verbo.
Palavra sem palavra.
Inerte, inútil. Vazia.
Morto. E morta.

De que vale uma morte, se não for para morrer?

Dani Altmayer

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