domingo, 5 de julho de 2015

Apaixonada por impossíveis


Vários. Em um.
Um amor invulgar. Fora de tempo. De lugar.
Um amor interditado. Interrompido. Desabastecido.
Amortecido. Amordaçado. Esfarrapado.
Um amor desencontrado.
Um amor mendigo. Indigente.
Falido. Fálico. Pervertido. Cheio de defeito. Escondido. Mutante.
Um amor não correspondido. Perdido.
Secreto. Segregado. Proibido. Imperfeito. Partido. Indeferido.
Um amor desfeito. Relegado. Abandonado.
Um amor de instantes. De eternidades.
Platônico. Isolado. Improvável.
Único. Insubstituível. Gigante.
Inesquecível.
Mas não impossível.
Amor, amor, amor.
Amor, meu estranho perfeito.
De onde vens, que te cabem tantos adjetivos?
Amor é amar, de qualquer jeito.
E nenhum amar é nunca errado.
Ainda que errante, diferente.
Ainda que alguns amores apenas não sejam possíveis.
(Como o meu por você, viajante.)
Como vários, aliás. Não passíveis de.
Ainda assim.
Nenhum amor é impossível.
Que amor assim impossível é igual príncipe encantado ou sapo falante.
Não existe, fora do conto de fadas.
Fora de mim, de você, da gente.
E qualquer amor assim, possivel, ainda é um pouco melhor do que nada.
Talvez.


Dani Altmayer


3 comentários: