quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Um dia

google images- destroços tsunami 2004

Um dia alguém vai dar uma notícia que você não quer ouvir.
Ou virá a notícia que você tanto queria.
Um dia algo muito ruim vai te acontecer.
Ou ao contrário, um dia você vai viver o melhor dia da sua vida.
Não importa.
A partir desse dia, tudo vai mudar. Nada mais ficará no lugar.
Tem sempre alguma coisa acontecendo, boa e ruim, mas nem sempre a gente consegue perceber,  misturadas que essas coisas estão num cotidiano sem graça, no terreno pseudo seguro do nosso quintal.
Então, quando vem assim, em forma de tsunami, vem atropelando tudo, certezas, dúvidas, razões e conforto. Derruba casa, e abrigo.
Um raio de realidade, um ponto de não retorno, um choque, tipo "então é isso"?
Porque a vida não foi feita para andar nos trilhos, ela não é pontual, e muitas vezes não leva mesmo a nenhum lugar esperado. É uma louca descontrolada.
Acidentes e merda acontecem. Milagres também. Todos os dias, ou uma vez ou outra. Por sorte, ou azar.
E é, em geral, quando acontece algo tão grande, que a gente entende. Que dali para frente, tudo vai ter que ser bem diferente. É quando a gente aprende a ser gente. No susto. Da dor, ou do amor.
Dizem que são os dois únicos jeitos de crescer, no sentido de evolução. No amor e na dor.
E por que, tantas vezes, escolhemos a dor? O que não mata nos fortalece. Pode ser.
Criamos couraças, e muros, e defesas, baseados e alimentados pela dor. Nos habituamos a ela, fazemos amizade.
Ficamos mais fortes, é certo, mas como um músculo hipertrofiado e rígido, nos tornamos também muito mais duros. Nem sempre muito mais maduros.
Já o amor, ah, o amor faz crescer de outro jeito. Ele nos torna flexíveis, e maleáveis, e também mais fortes, de uma forma suave e leve. O amor nos transforma, eleva.
Só que tantas vezes esse amor é tão intenso e violento também, que nos arranca as raízes, e nos deixa vulneráveis. Com os nervos expostos, também dói. De outro jeito.
Algo extraordinário, de bom ou de ruim, de repente, acontece. Um dia, a todos.
Você não esperava, eu sei. Dá um baita medo. Sempre dá medo, esse território do desconhecido. Porque ele bagunça com a cabeça, o coração, o corpo e a mente, e já não se pode voltar atrás. Já não tem nada de antes, ali.
Não adianta se perguntar "por que comigo"? Porque, com todo mundo.
Esquece a pergunta, e a resposta. Um dia, você vai saber, ou não.
Já é depois. E nesse ponto, só cabem duas escolhas.
Aceitar, e tocar em frente, da maneira que der, e vier, e puder. Com medo ainda, tudo bem, mas com amor.
Ou paralisar e enrijecer, na dor. Por medo, da dor.
Ou pior ainda, por medo da dor do amor.

Dani Altmayer

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